Ciclones nesta época do ano não são raros, mas o que atingiu o Sul teve característica incomum

Pior momento já passou, mas outros ainda podem se formar no inverno, mesmo que com menos intensidade

Tiago Tortella, da CNN, em São Paulo
Compartilhar matéria

Um ciclone extratropical causou destruição e mortes nas regiões Sul e Sudeste na quarta (12) e quinta-feira (13), com rajadas de vento que ultrapassaram os 120 km/h. Por mais que não seja um evento climático atípico para essa época do ano, esse ciclone teve uma característica incomum: se formou no continente.

Meteorologistas ouvidos pela CNN explicaram que a formação do ciclone aconteceu às 9h de quarta-feira, na região próxima da fronteira entre a Argentina e o Paraguai.

Assim, ao não ter se formado no oceano, atingiu uma área continental muito maior do que o comum.

Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou que esses eventos são normais na costa da região Sul durante o inverno. Isso acontece porque a temperatura da água -- e do ar acima dela -- fica maior do que a do ar no continente. O encontro dessas massas gera os ciclones.

Além disso, a presença de correntes de ar em altitudes diferentes também pode contribuir para a formação desses fenômenos, segundo a MetSul Meteorologia.

O inverno no Brasil acabará em setembro, podendo haver mais ciclones até lá. Entretanto, Mamedes pontua que não é possível prever a intensidade até que se formem.

Pior momento já passou

O meteorologista Olivio Bahia, do Inmet, explica que o ciclone extratropical já está no mar, se afastando do Brasil.

Ainda assim, rajadas de vento poderão ser sentidas até o norte do Rio de Janeiro e litoral do Espírito Santo até a noite de sexta-feira (13), mas sem a mesma força.

O especialista alerta, então, que entre hoje e amanhã continua a preocupação na região costeira para ressaca e ondas.

Ventos darão lugar ao frio

Os especialistas dizem que uma frente fria que está na Argentina avançará para o Brasil conforme o ciclone se afasta da costa, levando à queda das temperaturas na região Sul e em parte do Centro-Oeste e Sudeste no final de semana.

Segundo Olivio, ela já está levando à queda de temperatura em São Paulo, Rio de Janeiro e no sul do Mato Grosso.

O frio invade mais áreas do Sudeste nesta sexta, chegando, depois, até o sul da Amazônia, como Rondônia e Acre –mas com menor intensidade nessas áreas.

Mamedes explica também que haverá geada na parte serrana do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de Minas Gerais.

Entretanto, o frio no Sudeste deve ter curta duração, com os termômetros esquentando no domingo.