Cláudio Castro nacionaliza crise no Rio para conter desgaste

Decisão é para evitar a corrosão do capital político de Castro e a contaminação do debate eleitoral de 2024

Pedro Venceslau, da CNN, São Paulo
Castro quer nacionalizar a crise no Rio de Janeiro  • Antonio Cruz/Agência Brasil
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No momento em que o Rio de Janeiro busca apoio do governo federal e das Forças Armadas para sua ofensiva contra as milícias, aliados e estrategistas do governador Cláudio Castro (PL) traçaram uma estratégia para reduzir os danos à imagem do chefe do executivo fluminense.

Segundo fontes próximas a Castro, ouvidas pela CNN, as pesquisas internas detectaram até o momento um desgaste menor que o esperado.

Os números não foram revelados, mas a aprovação ao governo teria recuado apenas 5%, dentro da margem de erro, apesar da agenda negativa persistente.

Para evitar a corrosão do capital político de Castro e a contaminação do debate eleitoral de 2024, o governador decidiu nacionalizar e contextualizar o cenário da ação do crime organizado.

Foi essa a ideia por trás da adoção do conceito de “máfia” e da articulação de uma força tarefa com os ministérios da Fazenda, Defesa e da Justiça para combater a lavagem de dinheiro e “asfixiar” as facções.

“O sistema financeiro precisa ser chamado às falas”, disse à CNN um interlocutor do governador fluminense.

Outro aspecto que está no radar do entorno de Cláudio Castro e tem um grande potencial de desgaste é a corrupção policial e a falta de confiança entre as corporações, no caso a Polícia Federal e a Polícia Civil.

Como chefe do executivo, Castro não pode dar declarações polêmicas, mas nos bastidores tem pressionado por uma limpeza e apoiado as ações da Polícia Federal que buscam agentes ligados ao crime.

Neste tópico, porém, o time de Castro lembra que os caminhões com drogas apreendidos pela PF no Rio cruzavam o Brasil por estradas federais.

O núcleo mais próximo ao governador já traçou os planos para 2024 e tem um horizonte definido para 2026.

Nas eleições municipais, Castro vai manter uma distância regulamentar do bolsonarismo e deve lançar seu vice, Thiago Pampolha (UB), como candidato na capital, mas sem bater de frente com Eduardo Paes (PSD), que vai buscar a reeleição.

Em 2026, o plano de Castro é disputar o Senado, mas isso vai depender das pesquisas. Se o cenário for desfavorável, vai buscar uma vaga na Câmara, que, acredita, estaria assegurada.

Procurada, a assessoria do governador não quis comentar.