Das cinco cidades mais violentas do Brasil, quatro estão na Bahia
Junto de Cabo de Santo Agostinho-PE, todos os municípios tem taxas de mortalidade cerca de 3 vezes maior do que a média nacional, de 23,4 a cada 100 mil habitantes
Quatro dos cinco municípios mais violentos do Brasil são localizados na Bahia; o outro é de Pernambuco.
Todos têm taxas de mortalidade cerca de três vezes maior do que a média nacional, de 23,4 mortes a cada 100 mil habitantes, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
- Jequié-BA: média de 88,1
- Santo Antônio de Jesus-BA: média de 88,3
- Simões Filho-BA: média de 87,4
- Camaçari-BA: média de 82,1
- Cabo de Santo Agostinho-PE: média de 81,2
Em 2022, houve um recuo histórico nas mortes violentas no Brasil. Foram registradas 47.508 vítimas.
A maioria delas foi causada por armas de fogo. Esse número é maior do que o registrado em 2011, primeiro ano do levantamento.
Mesmo em patamares mais altos, a queda nas mortes de 2021 para 2022 foi puxada por Norte e Nordeste.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública mencionou que a redução veio após um grande aumento da violência em anos anteriores, com a migração das facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, expandindo suas atuações para o Norte e o Nordeste do país.
O gráfico a seguir mostra a dinâmica da criminalidade ano após ano, revelando que o recorde de mortes violentas foi em 2017, com 64 mil. Desde então, houve uma queda expressiva, com uma redução de 26,58% em 2022.
Apesar da melhora nas estatísticas, os números ainda são alarmantes. O Brasil está entre as 35 nações mais inseguras do mundo, de acordo com o Índice Global realizado pelo Instituto Internacional para Economia e Paz.
Na América Latina, mesmo com uma realidade social parecida, o país está entre os mais violentos, ficando atrás apenas da Colômbia, Venezuela e México.
Os negros continuam sendo a grande maioria das vítimas, representando 76,9% dos casos.
Além disso, houve um aumento nos casos de estupro, com quase 75 mil ocorrências em 2022, um recorde na série histórica e equivalente a um abuso a cada 7 minutos. Especialistas apontam que esse crescimento pode estar relacionado ao aumento de denúncias e à maior confiança das vítimas nas políticas de segurança.
O combate à violência no Brasil ainda enfrenta o desafio da alta letalidade policial, com o país registrando o equivalente a 17 óbitos por dia resultantes de intervenções policiais. Bahia e Rio de Janeiro concentram 43% de todas as mortes causadas por agentes policiais.
Os especialistas ainda destacam a importância de melhorar a atuação do Estado na área de repressão, prevenção e distribuição de renda, além de enfrentar a lentidão do Judiciário e melhorar o sistema penitenciário para evitar que criminosos saiam piores do que quando entraram nas prisões.
Para Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum de Segurança Pública, é preciso “melhorar a atuação do Estado na área da repressão, melhorar a atuação do Estado na área da prevenção e melhorar o Estado nesta área de distribuição de renda”.
“Fora isso, nosso sistema penitenciário só faz com que os criminosos saiam piores, muito piores de lá do que quando entram”, prossegue. “O judiciário é muito lento, então tudo isso faz com que o criminoso se sinta mais ou menos impune, se ele se sente impune, ele vai cometer o crime”, finaliza.
Outro lado
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia esclarece que, em 2022, foram registrados 5.167 mortes violentas (homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte), número 5,9% menor do que em 2021, quando foram contabilizados 5.594 casos. “A SSP destaca ainda que não contabiliza como assassinato as ocorrências onde criminosos atacam a polícia e acabam não resistindo aos confrontos”, explica a pasta.
A SSP ainda ressaltou que intensificou o combate às organizações criminosas. No primeiro semestre de 2023 a polícia prendeu 9.019 criminosos (média de 50 por dia), apreendeu 5,5 toneladas de drogas e 37 fuzis (número maior do que em todo o ano de 2022). E que também segue com investimentos na ampliação dos efetivos. Pouco mais de dois mil novos policiais militares e bombeiros foram incorporados em 2023. A previsão, até o final de 2024, é de um acréscimo de 4.500 novos policiais e bombeiros.
“Por fim, com relação às mortes em confrontos, a SSP salienta que tem investido em capacitação e inteligência policial, buscando sempre atuar na proteção da sociedade. Reforça que aqueles criminosos que atacam as forças de segurança, receberão resposta proporcional e dentro da legalidade” encerra a nota.
A CNN também entrou em contato com o governo de Pernambuco e aguarda resposta.