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    Dentista das celebridades: por que homens e jovens, como Rafael Puglisi, são os que mais morrem em acidentes em águas rasas?

    "Toxicidade masculina" e falta de experiência para entender limite estão entre motivos para o perfil das vítimas

    Tiago Tortellada CNN , São Paulo

    Levantamento da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) revela que, entre 2017 e 2021, foram registradas 237 mortes por mergulho no Brasil.

    A idade da maior parte das vítimas é de 15 a 44 anos (73% dos casos), e a maioria delas, 94%, é do sexo masculino.

    Nesta semana, Rafael Puglisi, de 35 anos, conhecido como “dentista das celebridades”, foi encontrado morto próximo à piscina de sua casa após supostamente bater a cabeça ao mergulhar.

    Por que jovens e homens são as maiores vítimas?

    Esses acidentes, algumas vezes, acontecem porque a pessoa subestimou o risco do salto, não enxergando que era perigoso e que poderia acabar batendo a cabeça no fundo, diz o médico David Szpilman, fundador da Sobrasa e especialista em terapia intensiva com foco em afogamento.

    O especialista relacionou essa situação à “toxicidade masculina”, que, conforme pontuou, é potencializada quando se está em grupo, com a pessoa tentando se mostrar capaz para os outros ou visando não ficar excluído.

    Quanto aos jovens, Szpilman explicou que muitos deles não tem a experiência necessária para entender seu próprio limite ou avaliar o risco da situação.

    Além disso, a desinformação e falta de conhecimento também são fatores de risco para as pessoas mais velhas que tentam saltos em locais desconhecidos, conforme ressaltou o fundador da Sobrasa.

    Sem consciência

    Ao bater a cabeça, o risco de perder a consciência, mesmo sem fratura, é alto, segundo o médico.

    O afogamento após o trauma é classificado como “afogamento secundário”. Szpilman pontua que, quando a pessoa mergulha de ponta, pode ocorrer o trauma crânio encefálico, no qual ela pode desmaiar e morrer afogada, ou ainda um choque medular, que provoca paralisia temporária em braços e pernas, também ocasionando o afogamento.

    Nesses casos, o especialista destaca que, em cerca de um minuto e 30 segundos, pode haver uma parada cardíaca e a morte. Além disso, ressaltou que acidentes fatais podem acontecer desde em piscinas até em beira de praia, descidas de barcos e cachoeiras, por exemplo.

    De acordo com a Sobrasa, a maior frequência de trauma e afogamento secundário entre 2017 e 2021 aconteceu em águas naturais (60%), com as piscinas em segundo lugar (5,3%).

    Como evitar acidentes ao mergulhar?

    A Sobrasa alerta para algumas práticas que podem evitar morte ou paralisia em mergulhos:

    • Evitar mergulhar de cabeça;
    • Sempre avaliar a profundidade (preferencialmente entrando na água sentado e com calma antes);
    • Desconfiar de trauma cervical quando houver escoriação na cabeça ou no pescoço, quando realizar mergulho em altura ou surf de peito ou quando houver inconsciência em local raso;
    • Em caso de paralisia dentro da água, garantir que a boca e nariz da pessoa estejam fora da água e imobilizar o pescoço, se possível, antes do resgate.

    A instituição também adverte que mesmo mergulhos sentados ou em pé podem provocar lesões irreversíveis na coluna.

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