Dono de estaleiro investigado pela Lava Jato nega pagamento de propinas
Germán Efromovich, proprietário da Eisa - Ilha S.A., disse que processa a Transpetro por descumprimento de contrato 'vencido na marra'
O empresário Germán Efromovich, alvo da 72ª fase da Operação Lava Jato nesta quarta-feira (19), afirmou que nunca pagou políticos ou executivos da Transpetro para ser favorecido em licitação para a construção de navios para a empresa.
“Isso não existe. Ganhamos aquele contrato em uma licitação e, inclusive, eu processei. Tem uma ação contra a Transpetro porque não cumpriram o contrato”, disse Germán.
“Não devo nada. Nunca dei dinheiro em troca de contrato para político nenhum. Nem para executivo da Transpetro. Aliás, minhas contas são transparentes, já olharam, podem olhar tudo isso.”
De acordo com as investigações, o estaleiro Eisa – Ilha S.A., de propriedade de Germán, teria pago mais de R$ 40 milhões de propina a funcionários do alto escalão da Transpetro para vencer dois contratos da estatal.
Assista e leia também:
Ex-donos da Avianca são presos em operação da Lava Jato
Lava Jato bloqueia R$ 64 milhões de ex-gerente da Transpetro e empreiteiras
A Polícia Federal informou que parte dos envolvidos pagou “vantagem indevida” a executivos da Transpetro em troca de favorecimento e direcionamento de licitação para obtenção de contrato milionário, para a construção e fornecimento de navios.
Uma dessas embarcações era o modelo Panamax, cujo valor total combinado foi de mais de R$ 857 milhões. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as ações ilícitas causaram um prejuízo de mais de R$ 611,2 milhões à Transpetro.
“Não acredito que os executivos do estaleiro também tenham dado dinheiro (aos executivos da Transpetro)”, disse Germán. “A contabilidade é controlada. Teriam que roubar para dar dinheiro.”
O empresário disse ainda desconhecer as acusações do MPF e afirmou que os agentes da PF não levaram nenhum documento da sua residência – os únicos objetos apreendidos teriam sido seu celular, seu computador e R$ 130 mil em dinheiro, que ele afirmou terem sido declarados.
“Nos dois primeiros anos de trabalho (do estaleiro), o presidente da Transpetro nem falava comigo. Estava de mal porque ganhamos a concorrência na marra, entendeu?”, disse o empresário.
“Então, mais ainda, a Petrobras começou a me discriminar depois que acabou a 8.666 e nunca mais fui convidado para participar em licitações porque não fazia parte desse esquema que saiu agora”, continuou, se referindo à Lei 8.666/93, que ditava normas para licitações e contratos da administração pública.
“Lavei minha alma com a Lava Jata. Bato palmas para a Lava Jato, é um exemplo no Brasil de acabar de uma vez com a podridão e com a corrupção.”
(Com informações de Carolina Abelin, da CNN, em São Paulo)