Governo do RJ derruba ‘motel irregular’ dentro de presídio em Bangu
Construção de alvenaria já tinha dez quartos delimitados com tijolos, vigas, e cimento
O novo secretário de Administração Penitenciária, Victor Hugo Poubel, derrubou na tarde desta quinta-feira (19) uma espécie de ‘motel irregular’ construído na cadeia pública Jorge Santana, que fica no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu.
O local é destinado a presos temporários, que não têm direito à visita íntima, e estava sendo chamado internamente de “parlatório”, área onde presos encontram advogados. Acontece que a apuração preliminar da própria pasta dá conta de que o local funcionaria como um ‘motel irregular’ para visitas íntimas, com dez quartos.
Uma retroescavadeira foi usada para colocar abaixo a edificação de alvenaria, que já tinha todas as paredes erguidas com tijolo e cimento, além de vigas metálicas. As portas estavam delimitadas e o telhado já havia começado a ser construído. Ninguém sabe até agora de onde veio o dinheiro para comprar o material usado na obra irregular no terreno público.
“A construção era irregular, estava em andamento sem qualquer participação de engenharia e arquitetura, o que colocaria em risco a segurança do Complexo e de quem estivesse ali, e com origem da verba desconhecida”, afirmou à CNN o secretário Victor Hugo Poubel.
A determinação para que a Seap derrubasse a área ilegal partiu do governador Cláudio Castro (PL). Em nota, o governo disse ainda que “uma sindicância foi instaurada para apurar as responsabilidades pela construção” e que “a Seap reforça o compromisso de combater qualquer irregularidade no sistema penitenciário do Rio”.
Nesta terça-feira (17), o então secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, foi preso e, na sequência exonerado do cargo. Ele é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de atuar para favorecer chefes do tráfico encarcerados nas cadeias do Rio de Janeiro. A denúncia aponta que Montenegro permitia a entrada de itens proibidos como salgados, bolo e refrigerante, para festas dos traficantes, fazia “visitas de cortesia” nos presídios e também atuava para transferir presos de alta periculosidade.
A CNN não conseguiu contato com os advogados dele até agora. O governo do Rio de Janeiro afirma que é o “maior interessado” nessa investigação.