Mais de 40 refugiados afegãos aguardam acolhida no Aeroporto de Guarulhos
Os refugiados estão morando no saguão do aeroporto, ao lado do Serviço ao Imigrante, em barracas e colchões improvisados pelos corredores

Nos últimos meses, o volume de imigrantes que chegaram ao Brasil tem sido maior do que a capacidade de atendimento. A situação tornou o Aeroporto Internacional de Guarulhos em uma espécie de acampamento para os novos grupos. Atualmente, 47 afegãos se abrigam no aeroporto, em São Paulo.
Prefeitura e governo estadual prometem inaugurar uma casa de acolhida, enquanto os imigrantes esperam por documentos e doações.
Os refugiados estão morando no saguão do aeroporto, ao lado do Serviço ao Imigrante. Há barracas e colchões improvisados pelos corredores. São afegãos de diversas etnias.
Najeebullah Habibi é jornalista e deixou o país após a mudança do regime. Ele é defensor da participação das mulheres na sociedade e, por isso, foi perseguido e agredido.
Já Rana Najeeb, que também é jornalista, veio para o Brasil com 4 crianças e está há 20 dias aguardando um abrigo enquanto sonha com visto para permanecer no Brasil. Rana tem medo de voltar ao Afeganistão.

Ambos tiveram um caminho difícil até o Brasil, fugindo por terra até o Paquistão para, depois, vender todos os pertences e conseguir algum voo para o ocidente. Assim, ambos chegaram ao Brasil.
O Ministério da Justiça divulgou que visitou o local em uma missão de fluxo migratório e tem conversado com as prefeituras de Guarulhos, São Paulo e com o governo estadual. Vários refugiados foram acolhidos em abrigos da capital.
Por nota, o Ministério diz que "serão visitados diversos abrigos municipais e estaduais. A equipe está sendo acompanhada pelo escritório do ACNUR [Agência da ONU para Refugiados] na cidade de São Paulo. A situação no aeroporto está estabilizada, sendo que aproximadamente 20 pessoas aguardam vagas em abrigos."
O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, explicou que o processo migratório é de responsabilidade do governo federal e que, em parceria com a prefeitura de Guarulhos, vai inaugurar, em fevereiro, uma Casa de Passagem com capacidade para 50 pessoas.
Já a Secretaria Estadual de Justiça afirma que atendeu 365 famílias em 850 atendimentos para emissão de documentação, auxílio com processos de pedido de refúgio e regularização de emigração, roupas e kits de higiene.
A prefeitura de Guarulhos confirmou que visitou o aeroporto, mas não tem ações nem prazos previstos.
Eram 38 refugiados até o de terça-feira (31), de acordo com a administração municipal. Antes, 14 pessoas foram encaminhadas para um abrigo na zona leste da capital no dia 27 de janeiro, porém retornaram para o aeroporto no último sábado. Porém, o grupo Coletivo Frente Afegã, que acompanha os refugiados no aeroporto, são 47 pessoas no momento.

O número varia conforme a chegada de novos refugiados em voos vindos principalmente do Oriente Médio e da Europa.
Segundo o Coletivo, os refugiados precisam de doação de alimentos, roupas e cobertores que possam ser lavados. Como não há local para a manutenção da limpeza, muitas doações não podem ser reutilizadas.
O Instagram @coletivofrenteafega é o canal para o recolhimento de donativos.
Em outubro de 2022, o número de refugiados chegou a 120. Todos chegaram após a retomada do governo no Afeganistão pelo grupo extremista Talibã após a saída do exército americano. À época, vários imigrantes receberam vistos humanitários durante a operação de acolhida emergencial.
A CNN aguarda a manifestação da Polícia Federal.