MPF investiga Cremesp por punição contra médicas que realizaram aborto legal

Em abril deste ano, duas profissionais tiveram o registro suspenso pelo órgão após realizarem procedimentos legais em hospital na zona norte da capital paulista

Carolina Figueiredo, da CNN, em São Paulo
Fachada do Hospital Municipal da Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo  • Prefeitura de São Paulo/Divulgação
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O Ministério Público Federal (MPF-SP) informou que está apurando uma possível irregularidade na atuação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) contra médicas que fizeram o procedimento de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista.

Em abril deste ano, o Cremesp suspendeu por seis meses o registro de duas médicas que atuavam no hospital e denunciou as profissionais por negligência e tortura, após elas terem realizado procedimentos abortivos em pacientes com autorização judicial.

Em ambos os casos, o aborto foi realizado em pacientes com fetos que possuíam má formação e sem expectativa de vida extrauterina. Nas duas ocasiões, as mulheres foram encaminhadas pela Defensoria Pública com decisão judicial favorável à realização do aborto. As profissionais possuem os documentos da Justiça como prova, e os casos teriam ocorrido em 2022.

A autoria das denúncias contra as médicas é desconhecida. Fontes ouvidas pela CNN na época alegaram que os prontuários das pacientes foram acessados de forma ilegal pelo Cremesp, o que representa crime de quebra de sigilo médico.

O MPF afirmou que a investigação contra o órgão ainda está em andamento, e que não era possível fornecer maiores detalhes.

A CNN entrou em contato com o Cremesp, mas ainda não houve retorno.

Prefeitura suspendeu serviço de aborto legal

A Prefeitura de São Paulo chegou a suspender o serviço de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha em dezembro de 2023. A unidade é referência em casos de abortos permitidos por lei.

Apesar de outros quatro hospitais da rede municipal paulista continuarem realizando o procedimento, a unidade da Cachoeirinha era a única que atendia meninas e mulheres após a vigésima semana de gestação.

Na época, a Secretaria Municipal da Saúde argumentou que a suspensão era temporária e que se deu para realização de cirurgias eletivas, mutirões cirúrgicos e outros procedimentos relacionados à saúde da mulher.

A CNN questionou a prefeitura sobre a retomada do serviço, mas ainda não houve retorno.


(com informações de Bruno Laforé, da CNN)