MPSP vai investigar ex-assessora de Anielle que ofendeu torcida do São Paulo

Marcelle Decothé foi exonerada do Ministério da Igualdade Racial após publicar ofensas contra a torcida são paulina em suas redes sociais

Da CNN
Marcelle Decothé foi demitida do cargo de assessora especial do Ministério de Igualdade Racial
Marcelle Decothé foi demitida do cargo de assessora especial do Ministério de Igualdade Racial  • Reprodução
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O Ministério Público de São Paulo (MPSP) vai investigar a ex-assessora do Ministério da Igualdade Racial Marcelle Decothé, demitida após ofender a torcida do São Paulo nas redes sociais durante a final da Copa do Brasil.

Nesta quinta-feira (28), o MPSP confirmou à CNN que recebeu a representação, e que está "na fase de análise".

Marcelle trabalhava como chefe da assessoria especial antes de ser exonerada na terça-feira (26). No Estádio do Morumbi durante a partida entre São Paulo e Flamengo, ela publicou reclamações sobre a torcida são paulina. "Torcida branca que não canta, descendente de europeu safade. Pior tudo de pauliste (sic)."

Em outra publicação, ela afirmou: “Entrando no estádio no carro da PF. Morte horrível.”

Marcelle acompanhou a ministra Anielle Franco até o jogo no Morumbi para assinar uma ação em conjunto com o Ministério dos Esportes e a Confederação Brasileira de Futebol para o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial no futebol. As duas são flamenguistas.

Após a polêmica, o Ministério da Igualdade Racial comunicou a demissão e disse que “as manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR”.

Quem é Marcelle Decothé?

Marcelle entrou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 7 de fevereiro deste ano em um cargo comissionado executivo como chefe da assessoria especial, para trabalhar 40 horas semanais, oficialmente contratada pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

Segundo o Portal da Transparência, antes de ser exonerada, ela ganhava R$ 17.100 por mês.

A ex-assessora trabalhava com Anielle Franco desde antes da nomeação para o ministério. Em janeiro de 2020, Marcelle começou a trabalhar como gestora de programas no Instituto Marielle Franco, organização sem fins lucrativos voltada para mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas. O instituo leva o nome da vereadora assassinada em 2018, irmã de Anielle, e foi criado pela família para continuar seu legado.

Marcelle também é co-fundadora da iniciativa PIPA, “pensada para ajudar a democratizar o acesso ao investimento social privado no Brasil”, desde 2019.

Entre 2019 e 2022, ela também atuou como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) da ex-deputada estadual Mônica Francisco (PSOL).

Antes disso, Marcelle também trabalhou na Anistia Internacional Brasil de 2016 a 2018, com a campanha “Jovem Negro Vivo”. E, de 2015 a 2016, foi assistente na Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do governo do estado do RJ.

Ela é formada, desde 2016, em Defesa e Gestão Estratégica Internacional, com mestrado em Políticas Públicas e Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

*Publicado por Fernanda Pinotti