"Não há dúvidas sobre autoria do crime”, diz delegada sobre caso do cônsul alemão

Polícia Civil quer descobrir detalhes do relacionamento do diplomata da Alemanha com o marido; Uwe Herbert Hahn foi preso no sábado (6) suspeito do assassinato

Rafaela Cascardo, da CNN, no Rio de Janeiro
Cônsul alemão Uwe Herbert Han (camisa cinza) preso por suspeita de matar o marido Walter Henri Maximillen Biot  • Reprodução
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A delegada Camila Lourenço, da delegacia do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, afirmou que não tem dúvidas de que o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn, de 61 anos, foi o responsável pela morte do marido, o belga Walter Henry Maximillen Biot, de 52 anos, na última sexta-feira (5).

Segundo a investigação, a vítima foi morta por espancamento na cobertura onde o casal morava, em Ipanema, também na Zona Sul.

Nesta segunda-feira (8), a delegada ouve a diarista que cuidava do apartamento do casal, além de um amigo da família. A expectativa é de que essas oitivas possam esclarecer como era o relacionamento dos dois e a motivação do crime.

“É preciso analisar o histórico do casal, o pano de fundo, pra saber se havia um caso de violência doméstica, se a vítima era agredida, daí a necessidade de ouvir testemunhas. São circunstâncias que vão interferir na dosimetria da pena. A gente vai refinar a investigação pra apurar as circunstâncias”, afirmou a delegada.

A perícia realizada pela Polícia Civil também apontou que a vítima tinha marcas de agressões recentes e antigas pelo corpo. Ele estaria sendo agredido há pelo menos dois dias. Foram apreendidos um bastão e uma mangueira de ar condicionado, materiais que podem ter sido usados para o espancamento.

Segundo a delegada, inicialmente o cônsul alegou que o esposo havia sofrido uma queda e batido a cabeça, mas diversas lesões contradisseram essa versão.

“As diversas lesões espalhadas por diferentes partes do corpo, e algumas bastante peculiares, sugerem ter havido espancamento sim. Estamos diante de um crime doloso contra a vida”, completou Camila Lourenço.

A delegada contou ainda que o cônsul teria dificultado o trabalho da polícia na cobertura, colocando móveis atrás da porta de um dos cômodos para impedir a entrada dos agentes. Além disso, ele teria tentado limpar a cena do crime. Uma secretária dele, que já prestou depoimento, confirmou que limpou parte do sangue.

“O apartamento estava em completo desalinho, bastante sujo, com fezes e sangue espalhados por todo o imóvel, principalmente no quarto. Havia um sofá com a lateral com uma mancha úmida sugerindo como se alguém tivesse apressadamente limpado a região na tentativa de ocultar algo. Em um segundo momento foi feita uma pesquisa com o reagente luminol. Os peritos identificaram sangue na fronha, no chão, em diversos pontos do imóvel, e no banheiro”, concluiu Camila.

Os investigadores aguardam ainda a quebra do sigilo dos celulares do cônsul e da vítima para analisar o conteúdo dos aparelhos, que foram apreendidos para ajudar nas investigações.

Na tarde deste domingo (07), a prisão em flagrante de Hahn foi convertida em preventiva depois dele passar por uma audiência de custódia. A determinação é do juiz Rafael de Almeida Rezende, da Central de Audiência de Custódia em Benfica, na Zona Norte da capital.

A defesa de Uwe Herbert pediu o relaxamento da prisão, alegando que ele possui imunidade consular. Apesar disso, a Justiça entendeu que o benefício não se aplica ao caso, por se tratar de um episódio fora do ambiente consular e sem qualquer relação com as funções exercidas por ele.

Além disso, o magistrado entende que é importante manter o cônsul preso, a fim de evitar colocar em risco a colheita de provas e de assegurar que não haverá fuga.