Entenda como "cocaína negra" consegue ser indetectável por cães farejadores

Versão da droga modificada foi descoberta em uma mansão de luxo na zona Oeste de Manaus durante uma operação da Polícia Civil do Amazonas

Julia Farias, colaboração para a CNN Brasil, em São Paulo
Os 34 quilos apreendidos estão avaliados em aproximadamente R$ 18,3 milhões  • Erlon Rodrigues/PC-AM
Compartilhar matéria

A droga conhecida como "cocaína negra" e encontrada durante uma operação da Polícia Civil do Amazonas, é indetectável por cães farejadores. Segundo o delegado-geral Bruno Fraga, a versão do entorpecente passa por um processo químico de modificação para passar despercebida pelos cachorros e por testes de detecção preliminares.

A ação que levou à descoberta da droga foi realizada no último dia 17 de outubro em uma mansão de luxo na zona Oeste de Manaus. Na ocasião, foram apreendidos 34 kg de cocaína negra e 16 quilos da cocaína convencional, material avaliado em R$ 19,5 milhões.

Os agentes deflagraram a ação após cerca de 30 dias de investigação e a partir de uma denúncia sobre o imóvel estar sendo usado como ponto de guarda e distribuição de drogas.

Modificação química

A "cocaína negra" consegue ser indetectável por cães farejadores devido a um processo de modificação química que altera as características do entorpecente. Entre as medidas que fazem parte desse processo estão:

  • Adição de substâncias: segundo a investigação, para dificultar os trabalhos policiais, os criminosos colocam outras substâncias no entorpecente, incluindo carvão
  • Alteração da cor: em razão da adição de carvão, a droga, que usualmente é branca, adquire a coloração escura
  • Reversão do processo: após a adulteração, o processo é desfeito para a substância voltar a ser a cocaína em sua forma original

Segundo Fraga, o valor aproximado de cada kg desse tipo de cocaína está avaliado em torno de 100 mil dólares, valor considerado muito acima do normal.

O valor aproximado de cada quilo da cocaína negra está avaliado em torno de 100 mil dólares • Erlon Rodrigues/PC-AM
O valor aproximado de cada quilo da cocaína negra está avaliado em torno de 100 mil dólares • Erlon Rodrigues/PC-AM

Conforme o delegado, a droga veio do Peru e seria enviada para a Austrália pelo valor de 1,5 mil dólares, e o casal preso receberia R$ 3 milhões como recompensa.

A última apreensão de cocaína negra registrada pela Polícia Civil foi em 2019, quando 25 kg foram apreendidos na cidade de Manacapuru, a 68 quilômetros de Manaus.