Policial é preso no Amazonas acusado de estuprar indígena em delegacia
Quatro dos cinco acusados estão presos; crimes teriam ocorrido entre novembro de 2022 e agosto de 2023
A Polícia Militar do Amazonas prendeu mais um agente acusado de envolvimento no caso onde uma mulher indígena da etnia Kokama foi estuprada enquanto estava sob custódia em uma delegacia de Santo Antônio do Içá, no interior do estado.
Além dele, outros três policiais militares e um guarda municipal também são acusados pelo crime.
Em nota enviada à CNN nesta neste domingo (27), a corporação afirmou que dos cinco acusados de envolvimento, apenas um, que também é policial militar, segue foragido.
Na última sexta-feira (25), o Ministério Público do estado pediu à Justiça pela prisão preventiva dos envolvidos.
Ainda em nota, a Polícia Militar do Amazonas afirmou que "foram abertos procedimentos internos para apurar as denúncias e conduta dos agentes, que por determinação do comando da instituição foram afastado das atividades de rua e tiveram suas armas funcionais recolhidas".
O crime
Os fatos teriam ocorrido entre novembro de 2022 e agosto de 2023, enquanto a vítima estava presa.
A custódia ocorreu em condições inapropriadas, sem fornecimento de assistência médica, psicológica ou jurídica à mulher, que ficou encarcerada em um espaço masculino.
Em depoimento a promotores de Justiça, a vítima confirmou que, durante o período em que esteve presa, foi submetida a abusos sexuais, humilhações e constrangimentos por parte dos quatro PMs e do guarda municipal.
A vítima relatou que os abusos ocorriam de forma recorrente, durante a noite, e foram, por diversas vezes, praticados coletivamente. A vítima estava acompanhada de seu filho recém-nascido, que presenciou os atos de violência.
Os envolvidos são acusados pelos crimes de estupro de vulnerável, estupro qualificado e tortura, entre outros possíveis delitos decorrentes das condições degradantes de custódia às quais a vítima foi submetida. O processo criminal tramita em segredo de Justiça.
A mulher também relatou que parte dos policiais militares foram até a residência de sua mãe, em Santo Antônio do Içá, no Amazonas, para intimidá-la em relação aos fatos ocorridos.
O órgão classificou o ocorrido como um grave episódio de violência institucional e abuso de poder por parte de agentes públicos. O pedido ainda destaca que o laudo do exame de corpo de delito e o relatório psicológico da vítima são provas contundentes do crime.
Também no pedido, o MP sustentou que outro fator para a prisão preventiva é a segurança da vítima, que sofre com ameaças dos envolvidos.