PF mira esquema internacional para adoção ilegal de crianças

Policiais investigam se bebê que viajou para Alemanha foi vendido pela mãe através das redes sociais

Paula Martini, da CNN, no Rio de Janeiro
Viatura da Polícia Federal
Viatura da polícia federal estacionada  • Foto: CNN Brasil
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A Divisão de Cooperação Jurídica da Polícia Federal vai apresentar nos próximos dias um documento às autoridades da Alemanha sobre um episódio de tráfico internacional envolvendo uma criança brasileira e um casal residente no país. Os detalhes serão formalizados por meio de uma cooperação jurídica internacional. As investigações sobre o esquema estão a cargo da PF no Rio de Janeiro, e começaram em agosto do ano passado.

Nesta sexta-feira (11), os agentes deflagraram uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão na casa da mãe da criança traficada, em Anchieta, bairro da Zona Norte. Os policiais suspeitam que o bebê foi vendido através de grupos nas redes sociais. De acordo com a PF, o homem angolano com cidadania portuguesa viajou para Alemanha com a criança em fevereiro de 2020. Ele constava como pai biológico do bebê na certidão de nascimento, o que permitiu o embarque no aeroporto.

O delegado Gustavo Almeida, da Delegacia de Defesa Institucional, disse que o caso foi denunciado pela própria mãe da criança após um desentendimento no acordo. "Ficou acertado que o homem pagaria o valor da casa que a mãe comprou em troca da criança. Ele veio até o Brasil e registrou a criança no cartório, tendo a dona da casa da mãe como testemunha. A criança foi anunciada por R$ 11 mil na internet, mas houve um desacerto sobre os valores e a data da viagem. Existem diversos grupos nas redes sociais que servem para aproximar mães que não querem as crianças de famílias com interesse em adotá-las ilegalmente devido às falhas em registros no Brasil. É o que chamamos de adoção à brasileira", disse.

Segundo o delegado, essa não foi a primeira vez que a mãe tentou vender o bebê. Em outra oportunidade, ela teria recuperado a criança e permanecido com os valores negociados. Os policiais também investigam se houve prática semelhante com outros filhos da mesma mulher, que está grávida. Para isso, serão analisados os materiais apreendidos durante a busca e apreensão. De acordo com o delegado, a PF solicitou o retorno da criança ao Brasil e a prisão da mãe, mas os pedidos foram negados pela Justiça.

O casal que mora na Alemanha prestou esclarecimentos por escrito, confirmando que está com a criança. No entanto, as autoridades alemãs serão notificadas para que medidas judiciais sejam tomadas de acordo com a legislação do país. No Brasil, a mãe da criança foi indiciada por crimes como tráfico de pessoas para fins de adoçao ilegal, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa.