Precisamos mudar a cultura futebolística violenta do Brasil, avalia professor

À CNN Rádio, Marcelo Palhares afirmou que o futebol é importante para o país, mas que é “estruturalmente violento”

Amanda Garcia, da CNN
Polícia Militar em ação do lado de fora do Allianz Parque durante Palmeiras x Flamengo
Polícia Militar em ação do lado de fora do Allianz Parque durante Palmeiras x Flamengo  • Reprodução
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O futebol é importante para a cultura brasileira, mas não mais do que a vida humana, alertou o professor do Centro Universitário Hermínio Ometto, Marcelo Palhares.

Na última segunda-feira, morreu a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, de 23 anos, que foi atingida no pescoço por uma garrafa durante confusão nos arredores do Allianz Parque, no jogo entre Palmeiras e Flamengo.

Estudioso sobre torcidas organizadas, Palhares, à CNN Rádio, afirmou que o futebol é “estruturalmente violento”, pautado em uma “masculinidade violenta” e, por isso, episódios como esse são recorrentes.

Ele lembra que, no caso específico de Gabriela, "a gente conseguiu encontrar o autor de um crime”: “Crimes são cometidos por seres humanos, não instituições, existem medidas de curto, médio e longo prazo.”

Entre os caminhos a serem seguidos, para o especialista, está a criação de um grupo de trabalho que envolva todos os atores do futebol.

“São gestores, incluindo dirigentes e federações, polícias”, exemplificou.

De acordo com ele, a longo prazo, a meta “seria mudar a cultura futebolística violenta.”

"Nosso papel é debater, discutir e colocar proposições, para que o governo e estado tomem as medidas”, completou.

O professor defende que é preciso que seja mantido um “grupo permanente de estudo, com diálogo, para transformação da cultura violenta.”

Ele também indaga sobre a responsabilidade não só do autor do crime, mas do organizador.

“Há a questão da inteligência, torcidas que não podem se encontrar, é importante ver outros atores”, disse.

*Com produção de Bruna Sales