
Sobrevivente da Operação Tarântula lembra perseguição a travestis: “Pânico”
À CNN Rádio, a ativista Neon Cunha relatou "jogo perverso” em 1987, após o fim da Ditadura, de muita violência contra as pessoas transexuais

No último dia 27 de fevereiro, a Operação Tarântula completou 36 anos.
À época, a polícia de São Paulo criou a ação, sob a justificativa de “combater a Aids”, mas que promovia a perseguição a travestis.
Em entrevista à CNN Rádio, no CNN No Plural, a ativista, mulher transgênero e publicitária Neon Cunha lembrou da época.
“É difícil narrar todo aquele período de transformação política e social no Brasil recém-saído da Ditadura, que, na prática, não termina”, disse.
Segundo ela, quando o camburão preto e branco, “a barca”, passava, “causava pânico.”
“Era uma violência, podiam ‘descer o porrete’ ou coisa pior, no Centro de São Paulo vi uma mulher trans negra ser executada com um tiro na testa”, contou.
Na ocasião, ela afirmou que o policial respondeu “o que estão olhando? corram enquanto estão vivas.”
Neon relata que “vira e mexe” encontrava corpos nas ruas.
Ela também lembra que existia um “jogo perverso”, em que as travestis mais jovens, como ela, eram “negociadas” para que não houvesse agressões e usadas como objeto sexual.
“Por sorte eu sobrevivi”, completou.
A ativista acredita que os tempos “mudaram bastante”, mas que o país “ainda não assume responsabilidade com a integridade física dos nossos corpos.”
O Brasil ainda é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais.
Para ela, a educação é a melhor forma de buscar reverter este quadro.
*Com produção de Isabel Campos