Homem que matou gari pediu ajuda a coronel ao ser preso: "Pode me ajudar?"

Troca de mensagens faz parte da investigação da Polícia Civil; Renê da Silva Nogueira Júnior foi detido após assassinar Laudemir Souza Fernandes no dia 11 de agosto

Vitor Bonets, da CNN*, em São Paulo
Compartilhar matéria

O homem que confessou ter matado o gari Laudemir Souza Fernandes, de 44 anos, Renê da Silva Nogueira Júnior pediu ajuda a coronel da Polícia Militar ao ser preso em uma academia em 11 de agosto, dia do assassinato. O crime ocorreu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

A troca de mensagens faz parte da investigação da Polícia Civil que resultou no indiciamento de Renê por homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima —, além de ameaça e porte ilegal de arma.

Segundo a apuração da Itatiaia, em uma das mensagens é possível ver que Renê envia: "Amigo, você pode me ajudar? Estou cercado de PM, estão me acusando de homicídio. Estão falando que cometi um homicídio”, escreveu na tarde do dia 11.

O coronel reformado pergunta se pode falar com o tenente responsável pela ocorrência. Em seguida, o aplicativo registra uma ligação de áudio de cerca de dois minutos, sugerindo que a conversa ocorreu.

Renê ainda diz ao militar que nem imagina do que se trata a ocorrência, além de afirmar que não sabia sequer onde era o Bairro Vista Alegre, local onde ocorreu o crime.

“Fique calmo. Pelo que entendi, estão averiguando. Muito inicial. Solicitei cautela na abordagem dos fatos. Me dê notícias”, escreveu o coronel, que pergunta se Renê estava com a esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, indiciado pela Polícia Civil pelo crime de porte ilegal de arma. “Está, sim”.

“Eles querem me conduzir para delegacia”, escreveu Renê. “É o procedimento, pois a Polícia Civil que irá apurar”, respondeu o militar, que tentou acalmar o homem, ao dizer que tudo seria esclarecido.

Relembre o caso

Renê da Silva Nogueira Júnior, empresário e diretor de negócios de uma rede de alimentos, foi preso pela Polícia Civil após matar a tiros o gari Laudemir de Souza Fernandes, na segunda-feira, 11 de agosto, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

O crime aconteceu por volta das 9h03 na Rua Modestina de Souza, bairro Vista Alegre. Conforme a Polícia Militar, Laudemir trabalhava na coleta de lixo quando o veículo do empresário, uma BYD de cor cinza, parou no sentido contrário ao caminhão e o condutor se irritou, alegando que o veículo atrapalhava o trânsito.

O empresário apontou a arma para a motorista do caminhão e ameaçou “dar um tiro na cara”. Segundo as testemunhas, ao ultrapassar o caminhão, René desembarcou com a arma em punho, deixou o carregador cair, recolocou-o, fez o manejo e disparou contra o gari.

O disparo atingiu a região das costelas do lado direito, atravessou o corpo e se alojou no antebraço esquerdo. O executivo estava em uma academia após o crime, quando foi localizado e preso.

Segundo a corporação, a delegada entregou voluntariamente a arma à polícia e afirmou que René não tinha acesso aos armamentos. Ela também disse desconhecer o crime.

Conforme as informações da Policia Civil, os três crimes cometidos por Renê tem pena máxima de 35 anos. A esposa do empresário, delegada Ana Paula Lamego Balbino, é indiciada pelo porte legal da arma de fogo, de uso permitido. Pela lei, ela não tem autorização para "ceder" ou "emprestar" o armamento.