Adolescente usou arma do pai para matar família no RJ
Pai tinha registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador); crime ocorreu após pais discordarem de namoro virtual

O adolescente de 14 anos suspeito de assassinar os pais e o irmão mais novo utilizou uma arma registrada em nome do pai, que possuía Certificado de Registro como CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), para cometer o crime.
O caso chocou o distrito de Comendador Venâncio, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, e teria sido motivado pela proibição dos pais em relação a uma viagem do jovem para encontrar uma namorada virtual de 15 anos, residente no Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Polícia Civil, as vítimas – Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, Inaila Teixeira, de 37, e o filho caçula, de apenas 3 anos – dormiam no mesmo quarto com o adolescente por conta do uso do ar-condicionado.
Em depoimento, o jovem afirmou que sabia onde o pai guardava a arma – embaixo do colchão da cama de casal – e, na noite de sábado (21), ingeriu energético para se manter acordado e esperou que todos dormissem para efetuar os disparos.
Nesta sexta-feira (27), o delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª DP (Itaperuna), informou que os laudos de exame cadavérico confirmaram que as três vítimas foram mortas por disparos de arma de fogo na região da cabeça. Com isso, foi descartada a hipótese de morte por afogamento, já que os corpos haviam sido encontrados em uma cisterna na residência da família.
Ainda segundo o depoimento do adolescente, após os assassinatos ele espalhou um produto químico pelo chão para facilitar que os corpos fossem arrastados do quarto até a cisterna e os ocultou no local.
O suspeito foi apreendido e encaminhado nesta manhã para a Unidade Socioeducativa (CENSE) de São Fidélis, onde permanecerá internado provisoriamente por 45 dias, conforme decisão da Justiça, durante o andamento do inquérito policial. Antes disso, ele passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) da região.
Namorada virtual prestou depoimento em Mato Grosso do Sul
Na tarde de quinta-feira (26), a adolescente com quem o jovem mantinha um relacionamento virtual prestou depoimento na Delegacia de Água Boa (MT), acompanhada da mãe. O atendimento foi feito por policiais especializados e assistentes sociais. A documentação do depoimento ainda será enviada à delegacia de Itaperuna, que investiga o caso.
De acordo com os investigadores, o relacionamento entre os dois adolescentes teria começado quando ele tinha cerca de 8 anos, após se conhecerem em um jogo on-line. Eles mantinham contato frequente pelas redes sociais. Recentemente, planejaram uma viagem para se encontrarem presencialmente no Mato Grosso do Sul, o que foi vetado pelos pais do garoto. A negativa teria sido o estopim para o crime.
Durante perícia na casa da família, os policiais encontraram uma bolsa com pertences do adolescente e os celulares dos pais. A análise do conteúdo dos aparelhos eletrônicos, revelou que o jovem havia feito pesquisas sobre como sacar o FGTS de pessoas falecidas, após o crime. Segundo ele, antes já havia acessado o aplicativo bancário no celular do pai, onde soube que teria um saldo de R$ 33 mil.
As investigações continuam para esclarecer todos os detalhes do crime.