Deputado "TH Joias" é alvo de operação por ligação com o CV no Rio
Parlamentar é acusado de intermediar diretamente a compra e a venda de drogas e armas com integrantes do Comando Vermelho; Justiça emitiu mandado de prisão
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB), foi preso na manhã desta quarta-feira (3). Uma operação deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-RJ), composta pela Superintendência de Polícia Federal, Secretaria de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e Ministério Público Estadual, aponta ligação do parlamentar com o tráfico de drogas e armas para a facção CV (Comando Vermelho).
TH e outras quatro pessoas foram denunciadas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito. Quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão são cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
Segundo apuração da CNN, o deputado foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Também foram presos Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, conhecido como Dudu, que é assessor nomeado por TH na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), e Gabriel Dias de Oliveira, traficante do Comando Vermelho conhecido como "Índio do Lixão".
Além deles, também são alvos da operação Luciano Martiniano da Silva, o "Pezão", Edgar Alves de Andrade, o "Doca", chefão do Comando Vermelho, e Manoel Cinquine Pereira, o "Paulista".
De acordo com a denúncia, os acusados mantinham vínculos estáveis o Comando Vermelho, atuando nos Complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas. O grupo é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones usados para dificultar operações policiais nos territórios ocupados pela organização, além de movimentar grandes somas em espécie para financiar as atividades da facção.
Para a Promotoria, TH Joias utilizou o mandato para favorecer a organização criminosa, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj. Ainda segundo a denúncia, o deputado é acusado de intermediar diretamente a compra e a venda de drogas, armas de fogo, aparelhos antidrones e realizou pagamentos a integrantes do Comando Vermelho.
Já o assessor Dudu é apontado como fornecedor de equipamentos especializados à facção, em especial os dispositivos antidrones. Ele também seria responsável pelos testes em campo e ensinava outros membros da facção a operá-los. De acordo com a Procuradoria, ele ocupava o cargo de assessor parlamentar, indicado pelo deputado, como forma de encobrir as atividades criminosas.
As investigações identificaram, ainda, movimentações financeiras suspeitas envolvendo empresas ligadas a TH Joias, com alertas sucessivos emitidos por instituições financeiras, reforçando a prática de lavagem de dinheiro.
“Estamos diante de uma investigação que comprova a infiltração direta do crime organizado dentro do parlamento fluminense. O deputado eleito para representar a sociedade colocou seu mandato a serviço da maior facção criminosa do Rio de Janeiro", afirmou o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi.
A operação, nomeada como Bandeirantes, segue em andamento e conta com o apoio da PF (Polícia Federal), do MPF (Ministério Público Federal) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A Alerj informou que tomou conhecimento do cumprimento de mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado TH. As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Assembleia Legislativa afirmou que segue acompanhando o caso.
Em nota, o MDB afirmou que decidiu expulsar o parlamentar. "TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros".
A CNN tenta contato com a defesa dos citados.