"Engenheiros de obra pronta": secretário rebate críticas de operação no RJ

Em meio ao balanço atualizado da letalidade policial histórica, titular da Polícia Civil classifica críticos da Megaoperação Contenção como "narcoativistas" e defende a estratégia de combate ao Comando Vermelho (CV)

Beto Souza, da CNN Brasil, São Paulo
Secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, rebateu veementemente as críticas dirigidas à Megaoperação Contenção no Rio de Janeiro  • Montagem CNN
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O Secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, rebateu veementemente as críticas dirigidas à Megaoperação Contenção no Rio de Janeiro, nessa terça-feira (28), classificando os opositores da ação como "narcoativistas" e "engenheiros de obra pronta".

A operação, a mais letal da história do estado, teve como foco desarticular a facção Comando Vermelho (CV) nos Complexos do Alemão e da Penha.

Entenda como Comando Vermelho surgiu e se espalhou como maior facção do Rio

Durante coletiva de imprensa, o Secretário defendeu a atuação policial, afirmando que "nem a NASA, nem a Força Nacional seriam capazes de atuar nas comunidades" do Rio de Janeiro. Curi criticou o tratamento dado aos agentes, dizendo que o "policial tá sendo tratado como vilão".

Segundo a polícia, a estratégia utilizada foi planejada para tirar os criminosos das edificações e deslocá-los para a área de mata, numa manobra tática que, segundo o Coronel Marcelo Menezes, visava proteger a população.

O Secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a letalidade da ação era "previsível", dado o contexto de mais de nove milhões de metros quadrados em "desordem", nas comunidades do Complexo da Penha e Alemão.

Balanço da operação

O balanço atualizado da Operação de Segurança Pública reflete a intensidade dos confrontos. O saldo total de mortos chegou a 119, sendo 115 classificados pelo secretário como "narcoterroristas" e 4 policiais.

A polícia ainda realizou 113 prisões, sendo 33 de indivíduos oriundos de outros estados. Entre os detidos, está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, apontado como o operador financeiro do CV e braço direito de Edgar Alves de Andrade, conhecido como "Doca" ou "Urso", que é a principal liderança do CV no Complexo da Penha.

Em termos de apreensões, a polícia reteve 118 armas, um número que inclui 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver, além de 14 artefatos explosivos e toneladas de drogas ainda em contagem.

Comunidade do Rio amanhece com fila de corpos em praça após megaoperação

A Praça da Penha, na zona Norte do Rio de Janeiro, amanheceu com uma fila de corpos estendidos em uma lona na manhã desta quarta-feira.

Segundo o ativista Raull Santiago, que está no local, mais de 50 corpos foram retirados por moradores da região de mata do Complexo da Penha durante a madrugada.

O que sabemos sobre operação

A Operação Contenção foi uma megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, realizada nessa terça, nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense.

A ação, que mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças estaduais de segurança, foi resultado de mais de um ano de investigação conduzida pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

Segundo a SESP (Secretaria de Segurança Pública) e o Governo do Estado, o objetivo principal era combater a expansão territorial do CV e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças criminosas do Comando.

Entre os alvos, 33 seriam membros da facção oriundos de outros estados, com destaque para o Pará, que estariam escondidos nessas comunidades.