Como larvas ajudaram peritos em laudo sobre morte de Juliana Marins

Identificação de larvas foi considerada uma das principais descobertas da investigação

Thomaz Coelho, da CNN*, em São Paulo
Juliana Marins é natural de Niterói, no Rio de Janeiro
Indonésia busca reforçar medidas de segurança após queda de Juliana Maris em vulcão  • Instagram/Juliana Marins
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A nova necropsia do corpo de Juliana Marins, de 26 anos, realizada no Instituto Médico Legal (IML), teve como base exames entomológicos, o estudo de larvas presentes no corpo da vítima.

Segundo o legista Reginaldo Franklin Pereira, da Polícia Civil do Rio, a equipe identificou larvas no couro cabeludo e na região torácica de Juliana. A identificação dessas larvas foi considerada uma das principais descobertas da investigação brasileira, pois permitiu estimar o tempo de morte.

Peritos brasileiros afirmaram que Juliana pode ter sobrevivido por até 32 horas após a primeira queda. As larvas foram levadas para um laboratório especializado, onde os peritos analisaram o estágio de desenvolvimento. Com base nesse estudo, foi possível calcular o intervalo entre a queda e a morte da jovem, chegando ao número de até 32 horas de sobrevivência.

“Identificamos a espécie da larva, o tempo de postura dos ovos e, com isso, conseguimos estimar o momento da morte como sendo ao meio-dia do dia 22, horário da Indonésia”, disse o legista Reginaldo Franklin Pereira, da Polícia Civil do Rio.

Morte dolorosa

Segundo o perito Nelson Massini, a jovem sofreu uma morte extremamente dolorosa, com múltiplas lesões internas e hemorragia. “Foi um processo de sofrimento, com dificuldade respiratória enorme. Os alvéolos pulmonares estavam cheios de sangue. Entra-se numa agonia respiratória e, em seguida, ocorre a morte”, afirmou.

Segundo a irmã da de Juliana, a jovem foi ouvida pedindo socorro por pelo menos 14 horas após cair durante uma trilha no Monte Rinjani. A causa da morte foi definida como politraumatismo, com lesões extensas causadas por impacto.

A família diz que tristas espanhóis que passavam pelo local às 8h54 da manhã, no horário da Indonésia, ouviram um pedido de ajuda. Os trilheiros procuraram o perfil da brasileira nas redes sociais, encontraram a família e compartilharam a localização e uma imagem aérea do local.

Ainda segundo os peritos, a última queda teria provocado ferimentos fatais, e Juliana teria resistido por no máximo 15 minutos após essa etapa. Ainda segundo Massini, os relatos obtidos na Indonésia e as análises laboratoriais indicam que Juliana enfrentou um processo de morte prolongado.

*Sob supervisão de AR.