Megaoperação: após uma semana, nomes dos detidos ainda não foram revelados
Segundo divulgação inicial do governo fluminense, 113 pessoas foram detidas, mas documento enviado ao ministro Alexandre de Moraes diverge para 99 presos; apenas 17 tinham mandados em aberto
Após mais de uma semana da megaoperação conduzida nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro, no Rio de Janeiro, ainda não foram divulgados os nomes dos detidos. Ao todo, 121 pessoas foram mortas, sendo quatro delas policiais. Nenhum dos mortos estava na lista de denunciados da Operação, segundo trecho da denúncia inicial do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado).
Ainda não se sabe quem são os presos. A quantidade divulgada pelo governo estadual à imprensa, apontava para 113 pessoas, porém a CNN Brasil teve acesso ao documento oficial enviado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, que afirma que na verdade foram 99 presos.
Ainda segundo o mesmo relatório, apenas 17 foram presos por mandado e 82 por flagrante combate. Entre os detidos, dez são menores de idade.
Também foi divulgada a apreensão de 118 armas (91 fuzis, 26 pistolas e um revólver), 14 artefatos explosivos e uma quantidade de drogas ainda em “fase de pesagem”. A operação foi a mais letal da história, superando o Massacre do Carandiru.
A CNN Brasil tentou a informação dos nomes em diversos órgãos do Estado, incluindo a Polícia Civil, o Ministério Público, Tribunal de Justiça, o próprio governo e a Secretaria de Segurança Pública, mas não obteve o resultado em nenhum dos pedidos solicitados.
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Entenda megaoperação
Além dos presos, a megaoperação do governo fluminense terminou com 121 mortes — incluindo a de quatro policiais. Até o momento, a polícia divulgou o perfil de 115 dos 117 suspeitos mortos.
Nenhum desses, no entanto, estava na lista de denunciados da Operação, segundo trecho da denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado), com detalhes da preparação da investida contra o Comando Vermelho, segundo apuração da CNN Brasil.
Segundo o governo, mais de 95% dos identificados tinham vínculo comprovado com o Comando Vermelho, e 54% não eram do Rio de Janeiro. A lista também não divulga nenhum nome feminino que estivesse entre os 121 mortos.
Todos os corpos foram liberados e a perícia do Instituto Médico-Legal (IML) foi oficialmente encerrada. Entre as vítimas, estão 9 chefes do Comando Vermelho de outras regiões que estavam na Penha no momento da operação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (4), que o governo federal vai pressionar por uma apuração independente sobre a ação policial. Lula afirmou que é necessário verificar “em que condições se deu” a operação, ressaltando que a ordem judicial “era de prisão, não de matança”.
Nesta semana, MPF (Ministério Público Federal) requisitou ao estado do Rio de Janeiro e à União informações sobre a utilização de verbas federais durante a megaoperação.


