Polícia faz operação para conter guerra entre CV e TCP no Rio

Ação mira conflitos entre as facções em comunidades como Serrinha, Juramento e Fubá, que vivem rotina de confrontos armados

Camille Couto, da CNN, no Rio de Janeiro
Armas e drogas foram apreendidas durante a operação  • Reprodução
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Policiais civis da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital), com apoio de unidades do DGPE (Departamento-Geral de Polícia Especializada) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) realizam, nesta terça-feira (26), uma operação em comunidades da Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação, batizada de “Operação Contenção”, tem como objetivo enfraquecer a disputa territorial entre facções criminosas que atuam na região. Até o momento, dois homens foram presos, fuzil e drogas foram apreendidos. Os agentes também localizaram uma casa com uma porta disfarçada que dava acesso à área de mata.

Segundo as investigações, territórios como Serrinha, Juramento, Campinho e Fubá tornaram-se palco de confrontos entre o TCP (Terceiro Comando Puro) e o CV (Comando Vermelho).

Do lado do TCP, traficantes como Wallace de Brito Trindade, o “Lacoste”, e William Yvens da Silva, o “Coelhão”, expandem sua influência a partir da Serrinha. Já o CV, sob a liderança de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, promove ofensivas a partir do Morro do Juramento.

Moradores da região relataram clima de tensão nas primeiras horas do dia, e os serviços básicos foram impactados. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que quatro escolas na Serrinha e duas no Morro do Juramento foram afetadas, enquanto unidades do Campinho e do Morro do Fubá seguem com atendimento presencial. Na saúde, uma unidade em Tomás Coelho suspendeu o funcionamento temporariamente, e em Madureira um centro mantém atendimento, mas atividades externas e uma clínica da família estão suspensas por segurança.

O avanço do Comando Vermelho na direção da Zona Oeste, passando por áreas estratégicas como Campinho e Praça Seca, é apontado como um dos principais focos da disputa.

De acordo com a DRE, os confrontos são marcados pelo uso de armamento pesado, granadas e explosivos, configurando um cenário de guerra urbana.

Em maio, uma mulher de 56 anos morreu vítima de bala perdida no Morro do Juramento durante dois dias de tiroteios. No mês seguinte, um trabalhador foi morto no Morro do Fubá enquanto recolhia ferro-velho. Além das mortes, moradores relatam a imposição de toques de recolher, paralisação de escolas e unidades de saúde, além de prejuízos ao comércio local.

A operação, segundo a corporação, tem caráter prolongado e busca desarticular a estrutura logística, financeira e operacional das facções. Em ações já realizadas no âmbito da Operação Contenção, mais de 40 pessoas foram presas, sete criminosos morreram em confronto e 11 adolescentes foram apreendidos. Os agentes também recuperaram mais de 250 armas utilizadas pelos grupos armados.