Caso Marielle: Condenado, Ronnie Lessa está há um ano isolado em presídio
Assassino confesso pediu transferência de penitenciária, mas pedido está parado; julgamento de mandantes delatados ainda não tem data no STF

Assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), Ronnie Lessa está isolado em uma cela no presídio de Tremembé, em São Paulo, há um ano e dois meses, desde a homologação de sua delação premiada e transferência da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
Segundo o advogado de Lessa, Saulo Carvalho, o condenado pela morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes não tem convívio com demais detentos, banho de sol e não tem acesso às atividades em grupos, às quais os presidiários têm direito.
Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária do estado informou que Ronnie Lessa está cumprindo pena em cela individual “para preservar sua integridade física”. E completou que ele tem diariamente banho de sol, mas em pátio reservado.
A pasta, no entanto, esclareceu que o preso, assim como os demais, participa de projetos culturais na unidade e tem a mesma rotina dos demais custodiados, informação contestada pela defesa.
Atualmente, Lessa está na “P1”, em Tremembé (SP), e a defesa quer ele na “P2”, chamada de “presídio dos famosos”. Um pedido foi feito ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em julho do ano passado, mas ainda não houve resposta.
Na época, o pedido de transferência foi embasado após informações de que integrantes da facção PCC estavam ameaçando Lessa de morte dentro do presídio. E por isso ele foi isolado.
A P1 é a Penitenciária Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, escolhida pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) como local ideal para abrigá-lo.
Ao chegar na unidade, em 20 de junho do ano passado, Lessa foi posto no isolamento. A defesa sustenta no pedido que, após quase um mês, ele continuou isolado, sem acesso a cursos, trabalho, livros ou possibilidade de ficar em convívio com outros detentos — e se mantém.
A defesa argumenta que a outra penitenciária que quer para transferência abriga outros presos de notoriedade que lá são atendidos “de forma adequada”.
Lessa foi transferido para Tremembé a pedido dele próprio após fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal e dar detalhes do crime, pela primeira vez, após seis anos.
Com a delação de Lessa e investigação da PF (Polícia Federal), três pessoas foram presas como mandantes: Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Os três foram detidos em março do ano passado e negam participação no crime.
As alegações finais da PGR (Procuradoria-Geral da República) e das defesas já foram entregues no primeiro semestre deste ano. E falta apenas o STF marcar a data de julgamento, mas ainda não há expectativa para esse desfecho.