Caso Vitória: Maicol diz que confissão do crime foi armada; secretaria nega

Homem é considerado o único suspeito de ter matado a jovem; defesa de acusado pede anulação de denúncia do MPSP

Helena Barra, da CNN*, Thiago Félix, da CNN, São Paulo
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Maicol dos Santos, único suspeito preso pela morte da jovem Vitória Regina, afirma em entrevista que confissão foi forçada por autoridades.  A jovem de 17 anos foi encontrada morta em um terreno na Grande São Paulo.

“Minha confissão foi baseada nos fatos que não só o delegado, mas como vários policiais e investigadores me induziram naquele momento [..] O secretário de segurança falou que a aposentadoria da minha mãe estaria garantida, que daria um vale aluguel pra ela”, diz Maicol em entrevista à TV Record. 

O principal suspeito do caso também afirmou que na verdade nem conhecia a Vitória, “não tem como eu ter obsessão por alguém que eu não conheço”. 

Ainda aponta que a vítima jamais esteve no seu veículo, “ela nunca esteve no meu carro”. 

Confrontado sobre os produtos de limpeza e os vestígios encontrados em sua residência, Maicol rebate: "eu já estava de mudança a mais de um mês, limpei a casa como qualquer pessoa com casa alugada que está prestes a seu mudar faria”. 

A defesa do suspeito protocolou, no mês de maio, um pedido de anulação da denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra ele. O pedido ainda não foi apreciado pelo juiz do caso. A soma das penas dos crimes pelos quais o preso Maicol foi acusado podem somar mais de 45 anos.

Confissão

Em março deste ano, a CNN publicou o vídeo em que Santos confessava a autoria do crime e afirmava que  não sabia que Vitória ainda era adolescente, argumentando que a jovem já havia se formado no ensino médio.

Segundo depoimento de Maicol na época, ambos tiveram um envolvimento rápido há cerca de um ano e a vítima passou a ameaçá-lo, dizendo que contaria sobre o caso para sua esposa já que, na época, ele já estava em um relacionamento.

Relembre o caso

O desaparecimento e a morte de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, comoveu os moradores de Cajamar (SP). A história começou em 26 de fevereiro, quando a garota, após um dia de trabalho em um shopping local, pegou um ônibus de volta para casa.

Naquela noite, Vitória compartilhou mensagens de texto com uma amiga expressando o medo que sentia ao perceber que estava sendo seguida por dois homens. Testemunhas relataram ter visto um automóvel com quatro homens seguindo a jovem depois que ela desceu do ônibus.

A polícia e os familiares, apoiados por inúmeros agentes, cães farejadores e drones, procuraram por Vitória em diversos cantos da região. Em 5 de março, Vitória foi encontrada morta em uma área de mata em Cajamar.

O corpo da jovem estava em estado avançado de decomposição e apresentava sinais de violência. A jovem estava com a cabeça raspada e sem roupas.

A Polícia Civil indiciou Maicol Sales do Santos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, após suposta confissão. No entanto, a defesa do acusado negou veementemente a confissão e alegou coação policial.

Outro lado

Em nota, a prefeitura de Cajamar refutou veementemente a versão apresentada por Maicol. Leia abaixo a nota na íntegra: 

"A Prefeitura de Cajamar, por meio da Secretaria Municipal de Segurança, Defesa e Mobilidade, representada pelo secretário Leandro Arantes, refuta veementemente a versão apresentada pelo acusado, conforme divulgado, reafirmando o compromisso desta administração com a verdade e com o respeito à dor da família da jovem Vitória. Desde o início do caso, a Prefeitura prestou todo o apoio e colaboração possíveis nas buscas pela jovem, atuando de forma integrada com osórgãos competentes e respeitando os limites legais de sua atuação.  Esclarecemos, ainda, que todo o processo de investigação foi conduzido exclusivamente pela Polícia Civil do Estado de São Paulo e, atualmente, encontra-se sob a responsabilidade do Poder Judiciário, conforme os trâmites legais. A Prefeitura de Cajamar permanece à disposição para contribuir com informações oficiais e reitera seu repúdio a qualquer tentativa de distorcer os fatos ou comprometer o trabalho sério realizado pelas autoridades competentes". 

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que o caso já foi finalizado em abril e todos os procedimentos seguiram conforme o Código de Processo Penal. "Todos os procedimentos adotados no caso obedeceram estritamente ao Código de Processo Penal, em um trabalho rigoroso de investigação da Polícia Civil". 

A SSP ainda informou que "o secretário de Segurança Pública não tem contato com investigados".