Crime organizado se apropriou do setor de combustíveis, diz Lewandowski
Ministro destacou que a operação "é uma das maiores contra o crime organizado"
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, nesta quinta-feira (28), que o crime organizado "se apropriou do setor de combustíveis".
A declaração ocorreu em coletiva sobre a megaoperação foi deflagrada nesta manhã contra um esquema bilionário no setor de combustíveis com infiltração de integrantes da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
"É uma das maiores operações da história contra o crime organizado, sobretudo em sua atuação no mercado legal, ou seja, atacando, neste momento, o setor de combustíveis, apropriação das organizações criminosas, em parte do setor de combustíveis, e a sua ligação com o setor financeiro no que diz respeito a lavagem de dinheiro", afirmou o ministro.
Ao detalhar os detalhes da operação, Lewandowski reforçou que o crime organizado "não é mais local, não é mais apenas nacional, mas é global" e destacou que a ação teve êxito devido à criação de um "núcleo de combate ao crime organizado".
"Quero dizer que, no começo deste ano, em 17 de janeiro de 2025, criamos um núcleo de combate ao crime organizado, porque entendemos que o crime organizado deveria ter uma visão sistêmica, estruturante, abrangente, e não era mais suficiente que nós combatêssemos o crime por meio de operações simplesmente policiais", disse o ministro.
Operação Carbono Oculto
A força-tarefa — composta por cerca de 1.400 agentes — cumpre mandados de busca e apreensão e prisão contra mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A denominada Operação Carbono Oculto foi deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), e conta com apoio do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Polícias Civil e Militar, Receita Federal do Brasil, Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, ANP (Agência Nacional do Petróleo) e PGE (Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo), por meio do GAERFIS (Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal).
Segundo as investigações, o esquema criminoso com participação do PCC prejudicou não apenas os consumidores que abasteciam seus veículos, mas também afetou toda a cadeia econômica do setor. Apenas em sonegação de impostos, o prejuízo estimado é de R$ 7,6 bilhões.
Entre 2020 e 2024, cerca de 1.000 postos de combustíveis ligados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões. Uma fintech usada como espécie de banco paralelo pela organização, sozinha, registrou operações de R$ 46 bilhões sem rastreabilidade nesse mesmo período.


