Estado precisa ser mais organizado que o crime, diz Procurador Geral de SP

Investigação revela ação do PCC em usinas, transportadoras e terminais portuários, com uso de fintechs para movimentar recursos ilícitos

Thiago Félix, da CNN, São paulo
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Operações do Ministério Público de São Paulo, Receita Federal e Polícia Federal desarticularam um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor de combustíveis, nesta quinta-feira (28). O Procurador de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa comentou o caso em entrevista à CNN.

"Nós temos ainda muito aprendizado no aprimoramento da regulação a respeito disso. Toda força tarefa envolvida elencou 25 situações que podem ser sugeridas como aprimoramento para que se minimize ações como essas. O Estado tem que ser mais organizado que o crime", diz Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, Procurador Geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo em entrevista à CNN.

Para Paulo, a união de diversos órgãos de controle foram determinantes para o sucesso das operações que aconteceram em conjunto no país.

"Não há pontas a serem amarradas. O que há agora é a execução de tudo aquilo que foi estudado e planejado durante um ano, por todas as instituições envolvidas", aponta o Procurador.

O esquema criminoso se estendia por diversos estados e incluía usinas de açúcar, empresas de transporte com mais de 1.400 caminhões e dois terminais portuários. A organização criminosa expandiu suas atividades do tráfico de drogas para setores da economia formal, incluindo investimentos em fundos financeiros.

 

Avanço do crime organizado

A investigação demonstrou como o PCC evoluiu suas operações para além do tráfico de entorpecentes, infiltrando-se em setores econômicos formais. O grupo criminoso aproveitou-se de brechas regulatórias, especialmente no setor de fintechs, para realizar operações de lavagem de dinheiro em larga escala.

Das 14 ordens de prisão expedidas, apenas seis foram cumpridas, levantando questionamentos sobre possíveis vazamentos da operação. A ação mobilizou cerca de 1.400 agentes e resultou na apreensão de milhares de documentos, veículos e equipamentos de informática.

Medidas de controle

Como resposta ao esquema descoberto, novas medidas de controle estão sendo implementadas. A Receita Federal anunciou que passará a fiscalizar as fintechs com o mesmo rigor aplicado aos bancos tradicionais. Além disso, a força-tarefa identificou 25 pontos de aprimoramento para os mecanismos de controle existentes.

A operação marca um momento significativo no combate ao crime organizado, demonstrando a importância da colaboração entre diferentes órgãos de controle. A análise do material apreendido continuará, visando identificar outras ramificações do esquema e prevenir futuras ações criminosas no setor.