Falso delegado: lobista executado em SP tinha 20 passagens por estelionato
Morto a tiros na zona Leste de São Paulo era investigado por se passar por delegado da Polícia Federal para extorquir políticos e empresários

Luís Francisco Caselli, identificado como a vítima de uma execução a tiros ocorrida na região do Anália Franco, na zona Leste de São Paulo, nesta segunda-feira (24), possuía um extenso histórico criminal. Segundo apuração da CNN Brasil, Caselli era lobista e acumulava ao menos 20 passagens pela polícia paulista por estelionato.
A morte, que ocorreu na Rua Luís dos Santos Cabral, é investigada pela polícia como crime encomendado. Dois suspeitos em uma moto se aproximaram do veículo da vítima e um deles efetuou pelo menos três disparos.
O carro de Caselli era blindado, mas as janelas estavam abertas no momento do ataque.
Falso delegado e a extorsão
Uma denúncia do MPF (Ministério Público Federal) aponta Luís Francisco Caselli como um "verdadeiro estelionatário" com "vasta ficha criminal" e que teria tido "diversos envolvimentos com policiais federais e policiais civis".
Ele foi alvo de uma investigação federal, a "Operação Alcmeon", na qual foi preso preventivamente em 11 de outubro de 2017.
Caselli foi denunciado pela suposta prática dos crimes de:
- Organização Criminosa (Lei n. 12.850/2013);
- Extorsão (Art. 158 do Código Penal);
- Usurpação de Função Pública (Art. 328 do Código Penal);
- Concussão (Art. 316 do Código Penal).
As acusações apontavam que Caselli integrava uma organização criminosa que buscava extorquir servidores públicos e empresários. A denúncia cita um episódio em que ele teria tentado coagir funcionários da Prefeitura Municipal de Paulínia, incluindo o então prefeito.
Para dar credibilidade às suas ações, ele teria tentado se passar por delegado da Polícia Federal perante os funcionários públicos.
Quem era lobista executado a tiros dentro de carro blindado em SP
De acordo com a denúncia, ele coagia os servidores, alegando possuir um dossiê que comprometeria o mandato do prefeito e afirmando coordenar uma operação policial que resultaria na cassação do cargo.
Ainda de acordo com as denúncias, Caselli contava com o auxílio de um verdadeiro delegado federal para legitimar seus atos, chegando a ter livre acesso à Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
O objetivo final era constranger os administradores a contratarem os serviços de uma empresa ligada a outro investigado no esquema de corrupção.
A CNN Brasil tenta localizar a defesa de Caselli.
A morte
O crime ocorreu por volta das 18h30. Após os disparos, imagens capturadas mostram que um dos criminosos desceu da moto e tentou remover um objeto da parte de baixo do veículo da vítima. A polícia identificou esse material como um rastreador veicular.
Caselli foi socorrido, mas a morte foi constatada no Hospital Municipal de Tatuapé. A investigação está a cargo do 30º Distrito Policial (Tatuapé).
Além do rastreador, o celular da vítima foi apreendido, e a polícia trabalha com a hipótese de que a execução foi encomendada, dada a dinâmica do crime.


