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    Juiz de SP usa nome falso por mais de 40 anos e engana instituições

    Durante toda sua carreira, o juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis utilizou o nome fictício de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, ocupando cargos de destaque no Tribunal de Justiça de São Paulo 

    Juliana BernardinoMariana GrassoRafael Villarroelda CNN*Carolina Figueiredoda CNN , em São Paulo

    Um juiz aposentado foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) pelo uso de documento falso e falsidade ideológica. Conforme apurado pela CNN, por mais de 40 anos, o homem enganou instituições públicas utilizando um nome fictício.

    A Justiça determinou a suspensão da aposentadoria dele.

    De acordo com a denúncia, o juiz aposentado que era identificado como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, de 67 anos, na realidade se chama José Eduardo Franco dos Reis. Durante toda sua carreira, o homem usou o nome falso e ocupou cargos de destaque no Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 1995, logo após passar no concurso para juiz, José Eduardo deu uma entrevista na qual disse ser descendente de “nobres britânicos”.

    Até o momento, as razões que levaram o magistrado a fazer isso são desconhecidas. A trama foi investigada pela Polícia Civil após o juiz tentar tirar uma nova via do RG com o nome falso em outubro de 2024.

    A CNN tenta contato com a defesa do juiz e, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno. A Justiça aceitou a denúncia e tornou o juiz réu na última segunda-feira (31), e o processo corre sob segredo.

    Com o nome fictício, José Eduardo estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP) na década de 1980 e, anos depois, prestou concurso e ingressou na magistratura paulista.

    Como juiz, ele atuou em varas cíveis, nas quais proferiu milhares de decisões. As sentenças eram assinadas como “Edward Albert Lancelot D C Caterham Wickfield”. José Eduardo também coordenou o Núcleo Regional da Escola Paulista da Magistratura em Serra Negra (SP). Sua aposentadoria foi publicada em 2018.

    A personalidade fictícia teria sido criada em setembro de 1980, quando Reis conseguiu tirar um RG com o nome falso. No documento, constava que ele era filho de Richard Lancelot Canterbury Caterham Wickfield e Anna Marie Dubois Vincent Wickfield, família de origem britânica.

    José Eduardo obteve o primeiro documento falso por meio de um certificado de dispensa de corporação emitido pelo Exército Brasileiro, uma carteira de Servidor do Ministério Público do Trabalho e uma Carteira de Trabalho e Previdência Social, além de título de eleitor.

    Ele é acusado de ter cometido os crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso por três vezes.

    A CNN buscou um posicionamento da Universidade de São Paulo (USP) e do Tribunal de Justiça de São Paulo para comentários sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.

    *Sob supervisão 

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