“Lojas” do PCC têm câmeras, RH, direito a atestado médico e faturam milhões

Pontos de vendas de drogas da facção têm estrutura complexa de monitoramento e contabilidade; 10 “auditores” foram presos

Guilherme Gama, da CNN Brasil, em São Paulo
"Auditores" do PCC tinham câmeras de segurança para monitorar pontos de venda de drogas em São Paulo  • Reprodução
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A Polícia Civil de São Paulo prendeu 17 integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em operação nesta terça-feira (21). Entre os presos, estão dez “auditores” apontados como responsáveis por administrar e fiscalizar a contabilidade das “lojas” — os pontos de tráficos de droga — na Grande São Paulo, com faturamentos milionários.

A investigação identificou 84 pontos de vendas de entorpecentes, que são ligados por uma complexa rede administrativa e contável. Os locais, em sua maioria na zona Leste de São Paulo, possuem câmeras de segurança e de “escala de funcionários”.

Os “auditores” do PCC fazem controle de falta de integrantes na venda de drogas até mesmo com atestado médico, de acordo com o delegado geral, Artur Dian. A investigação é do Cerco (8ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).

Em conversas por aplicativos de mensagens acessadas pela Polícia Civil após a apreensão do celular de um dos auditores, preso em maio deste ano, foi possível conferir o faturamento das “lojas”. Em média, os pontos de venda movimentam R$ 400 mil por semana — um deles chamou atenção por faturar R$ 700 mil em apenas sete dias, no extremo Leste da capital paulista.

Os “funcionários” da administração do crime incluem “RHs”, responsáveis por "cadastrar" novos integrantes, além do cargo de “disciplinas”, cuja função é fiscalizar e punir aqueles que descumprem alguma regra.

Entre celulares e drogas apreendidas, a polícia analisa itens contábeis como planilhas. Os criminosos organizam em tabelas as perdas de entorpecentes por operações da segurança e o desabastecimento de “lojas”. Os pontos eram abastecidos entre si a depender dos estoques.

A operação de desestruturação do esquema da facção expediu 38 mandando de prisão preventiva e 110 mandados de busca e apreensão em cidades como São Paulo, Suzano, Itaquaquecetuba, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos e Mogi das Cruzes.