Polícia investiga intoxicação por metanol após grupo beber gin importado

Episódio aconteceu no início deste mês, na região da Cidade Dutra, zona Sul da capital paulista; no estado, ao menos duas pessoas morreram após consumir bebida adulterada com substância

Guilherme Rajão, da CNN, Julia Farias, colaboração para a CNN Brasil, em São Paulo
A intoxicação por metanol acontece pela interação da substância com as enzimas do fígado, podendo levar à morte
A intoxicação por metanol acontece pela interação da substância com as enzimas do fígado, podendo levar à morte  • Gravity Cut/Pexels
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A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso de quatro jovens que precisaram ser internados após consumirem duas garrafas de gin importado com energético. O episódio aconteceu no início deste mês, quando as vítimas compraram as bebidas em uma adega na região da Cidade Dutra, zona Sul da capital paulista.

Ao menos duas pessoas morreram após consumir bebida adulterada com metanol, segundo a Secretaria de Saúde do estado. A pasta ainda informou que outros 10 casos, todos na capital, estão em investigação por suspeita de intoxicação após ingerir bebida contaminada.

problema, que já foi registrado diversas vezes na história, no mundo todo, acontece pela interação da substância com as enzimas do fígado, podendo levar à morte mesmo em doses pequenas.

 

Segundo o boletim de ocorrência obtido pela CNN, o grupo — de cinco jovens — se reuniu na casa de um deles, momento em que decidiram ir até o estabelecimento para comprar as duas garrafas da bebida, gelo de côco e energético. Em seguida, os jovens retornaram para a residência e permaneceram no local até cerca de 3h da manhã.

No relato, uma das familiares do dono da residência afirmou que o jovem começou a passar mal na manhã do dia seguinte à confraternização e apresentou vômitos e dores abdominais. No entanto, o jovem acreditou, inicialmente, que os sintomas eram de ressaca por ter bebido na noite anterior.

Durante a madrugada, a vítima começou a gritar que estava cego, quando foi levada a uma unidade de saúde da região, onde entrou em coma e foi colocado em
ventilação mecânica. Em seguida, o jovem foi transferido a outro hospital para realizar hemodiálise, onde permanece internado.

Segundo o registro policial, as garrafas compradas foram entregues para a equipe médica do hospital e enviada para a realização de exames, quando foi constatada a presença de metanol na bebida, substância compatível com a identificada no resultado dos exames da vítima internada.

Depois da constatação da substância, os funcionários do hospital pediram para que o restante do grupo, que também consumiu as bebidas, fosse à unidade de saúde. No local, além da primeira vítima, outros três jovens foram internados, com exceção de um deles, que não chegou a passar mal e, portanto, não precisou ser hospitalizado.

Em relato à polícia, a mãe de uma das jovens que também precisou ser internada afirmou que, após a confraternização, a vítima voltou para casa, quando começou a apresentar tontura, enjôo e visão turva. A princípio, ela também acreditou que os sintomas eram de ressaca.

Quando questionada, uma das jovens que estava presente quando a bebida foi consumida relatou que a primeira vítima que passou mal teria bebido mais do gin do que o restante do grupo. Além disso, o jovem teria ingerido o líquido puro, enquanto os demais tomaram a bebida diluída com energético e gelo.

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De acordo com o registro, as garrafas de gin e os copos usados para consumir a bebida foram apreendidos pela polícia.

Em depoimento, o responsável pela adega apontou que o primeiro jovem internado "é frequentador assíduo do empório" e, no momento em que comprou a bebida já "estava apresentando sinais notórios de embriaguez". No relato, o dono do estabelecimento também destacou que as bebidas vendidas têm procedência com nota fiscal.

As garrafas de gin que estava à venda na adega foram apreendidas para passar por perícia e identificar se o líquido foi adulterado.

O que é o metanol?

De acordo com a Sociedade Química Americana, o metanol é um solvente usado como combustível para motores e é uma matéria-prima para a fabricação de outros produtos químicos.

Ele se apresenta como uma substância líquida, inflamável e incolor e tem grande potencial de intoxicação. Quando consumido, mesmo em doses pequenas, pode levar à morte.

Saiba quais são os sintomas de intoxicação

Os compostos da substância são extremamente tóxicos, podendo causar cegueira, acidose metabólica, depressão do sistema nervoso central — sonolência, confusão, convulsões, coma — e pode levar à morte. A dose mínima letal é de cerca de 80 gramas, em pacientes não tratados, mas os sintomas visuais podem acontecer com a ingestão da metade dessa dose.