Presos e foragidos: veja como está investigação da morte de ex-delegado

Investigação da Polícia Civil liga execução de Ruy Ferraz Fontes ao PCC; criminosos usaram fuzis em ação de alta complexidade em Praia Grande (SP)

Beto Souza, da CNN, em São Paulo
Quatro pessoas já foram presos em investigação pela morte de Ruy Ferraz Fontes  • Montagem CNN
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O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, em Praia Grande, litoral paulista, resultou na prisão de quatro suspeitos e três foragidos após uma semana de investigação.

Fontes, que ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande e era considerado um dos principais inimigos do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi vítima de uma execução altamente planejada por indivíduos que demonstraram conhecimento tático e utilizaram armamento pesado.

O crime ocorreu após uma perseguição em alta velocidade, culminando com o ex-delegado sendo alvejado por mais de 20 tiros de fuzil dentro do carro capotado, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas.

Quem era Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado inimigo do PCC executado em SP

Prisões e foragidos

A Justiça decretou a prisão de sete pessoas envolvidas no crime:

  • Dahesly Oliveira Pires: Presa por suspeita de transportar um fuzil de Praia Grande (SP) para Diadema (SP). Ela recebeu o pagamento via Pix de uma conta ligada a Luiz Antônio;
  • Luiz Henrique Santos Batista, o "Fofão": Traficante e membro do PCC, preso por suspeita de participação na logística do crime, mas não como executor direto;
  • Rafael Marcell Dias Simões: Identificado como o sexto envolvido, atua em uma facção criminosa na Baixada Santista e foi preso em São Vicente (SP);
  • William Silva Marques: Dono do imóvel em Praia Grande que teria sido usado pelos criminosos e onde Dahesly buscou o fuzil.

Permanecem foragidos e com prisão temporária decretada: Flavio Henrique Ferreira de Souza e Felipe Avelino da Silva, o "Mascherano", acusado de atuar como "Disciplina" no PCC, investigados pela execução direta, além de Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, suspeito de organizar o transporte da arma e de dirigir o carro usado no crime.

O secretário Guilherme Derrite declarou que "não resta dúvida de que o PCC está envolvido" na morte, que pode ser uma "crônica de uma morte anunciada", já que Fontes era jurado de morte desde 2006 por ter indiciado a cúpula da facção, incluindo Marcola.

Ex-delegado executado: quem são os suspeitos pelo crime

Investigações

O caso foi tratado como "questão de honra" para as forças de segurança de São Paulo. Foi montada uma força-tarefa integrada com prioridade máxima determinada pelo governador Tarcísio de Freitas.

As investigações são conduzidas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), com o apoio do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Garra/Dope, Cercos da capital e Deinter 6, e diversos batalhões da Polícia Militar (incluindo a ROTA e o BAEP), mobilizando mais de 100 policiais para a Baixada Santista.

A investigação utiliza provas científicas e análises periciais, além de imagens de câmeras de segurança e dispositivos eletrônicos.

Descobertas

Os carros utilizados pelos criminosos (uma Toyota Hilux e um Jeep Renegade) foram roubados na capital paulista.

Após a execução do ex-delegado, a Hilux foi incendiada após o crime para eliminar vestígios. O Renegade foi abandonado com o contato ligado, e exames periciais realizados neste veículo levaram à identificação dos executores.

Os investigadores encontraram carregadores de fuzil, cápsulas deflagradas e carregador de pistola, próximos ao Renegade abandonado.

As autoridades trabalham com múltiplas linhas de investigação, mas há forte convicção sobre o envolvimento do crime organizado.

A outra possibilidade investigada é se a motivação está ligada à atuação atual de Fontes como secretário de Administração em Praia Grande, possivelmente relacionada a ter prejudicado o crime organizado.