Discord é alvo de inquérito em SP por apologia à violência digital

Medida foi tomada após plataforma ter descumprido uma solicitação emergencial para derrubar 'live' que envolvia crianças e adolescentes

Vitor Bonets, da CNN*, Rafael Saldanha, da CNN, em São Paulo
Após o descumprimento da ordem, as equipes elaboraram um relatório de inteligência, com provas e argumentos que comprovam os crimes.  • Divulgação/Governo de São Paulo
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A polícia civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar a rede social Discord, por apologia à violência digital. A medida foi tomada após a plataforma ter descumprido uma solicitação emergencial das autoridades, que pedia o fim de uma transmissão ao vivo em que cenas de violência eram mostradas para crianças e adolescentes.

Policiais do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) flagraram o momento em que a "live" acontecia durante um monitoramento de um grupo envolvido na divulgação das imagens. Mesmo com o pedido para a derrubada do servidor, a plataforma não acatou e o evento não foi finalizado.

Após o descumprimento da ordem, as equipes elaboraram um relatório de inteligência, com provas e argumentos que comprovam os crimes. O documento foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que analisou os fatos e instaurou o inquérito policial, no dia 28 de março, para aprofundar as investigações.

O Discord, responsável pela transmissão online foi intimado. A Polícia colherá depoimento dos representantes da empresa no país e de outros envolvidos.

Ações criminosas na plataforma

Além da divulgação de imagens violentas, os “líderes” do servidor submetem usuários a vários tipos de violência, desde estupros virtuais a automutilação. Eles também usam a plataforma para comercializar pornografia infantil.

As pessoas que utilizam a rede social promovem as transmissões para centenas de pessoas em troca de “fama” e “reconhecimento” na comunidade digital. Além de menores de idade, maiores também foram identificados pelos policiais infiltrados nas transmissões.

A CNN entrou em contato com a plataforma que se posicionou em relação as denúncias.

"Sobre o incidente relatado pela Secretaria de Segurança Pública, o Discord conduziu uma investigação interna aprofundada e continua firmemente comprometido em aprimorar seus processos internos", afirmaram em nota.

A rede social informou que tomaram as medidas cabíveis a situação, que incluem o banimento dos usuários responsáveis e a desativação de servidores.

"O Discord reportou proativamente às autoridades, grupos e indivíduos envolvidos nesses tipo de conduta, assim como outros comportamentos que representavam risco à segurança de terceiros", concluiu em declaração.