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    Bolo envenenado: acusada “assinou” via de entrega de arsênio pelos Correios

    Chefe da Polícia Civil confirmou que dados dos Correios mostram a assinatura de Deise Moura no comprovante de uma entrega da substância

    Rafael Saldanhada CNNYasmin Oliveirada CNN* , em São Paulo

    A polícia confirmou que Deise Moura dos Anjos, suspeita de matar três pessoas durante uma confraternização natalina através de um bolo envenenado, recebeu arsênio através de uma entrega pelos Correios.

    Segundo o chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, dados que haviam sido solicitados aos Correios mostram a assinatura da suspeita no comprovante de entrega de uma encomenda de arsênio.

    Mensagens recuperadas do celular de Deise revelam que ela pesquisou sobre arsênio na internet antes dos crimes e que tentou encobrir seus rastros, manipulando a família. Ela tentou cremar o corpo do sogro para esconder vestígios do crime, diz a polícia.

    Deise está presa temporariamente desde o dia 5 de janeiro por triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio. Ela é suspeita de ter envenenado um bolo com arsênio, que matou três mulheres e deixou outras duas pessoas internadas, incluindo sua sogra, Zeli dos Anjos, na véspera de Natal de 2024.

    A polícia já confirmou que o sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, também foi morto por envenenamento por arsênio, três meses antes do incidente com o bolo. O veneno foi encontrado em amostras de leite em pó.

    Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS

    A polícia acredita que Deise possa ter tentado envenenar outras pessoas além das vítimas do bolo com arsênio e do sogro. O delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, afirmou que todas as mortes por intoxicação no círculo de convivência de Deise serão investigadas.

    Marido queria separação

    Em depoimento à Polícia Civil, obtido pela CNN, Diego dos Anjos, marido de Deise dos Anjos, acusada de envenenar um bolo de reis em Torres (RS) que matou três pessoas, afirmou que cogitava a separação, principalmente depois da morte do pai, Paulo Luiz dos Anjos.

    Segundo a Polícia Civil, Deise também foi a responsável pela morte de Paulo, três meses antes do episódio do bolo, ao envenenar o leite em pó que o sogro tomou durante o café da manhã. Diego, inclusive, pensava que ele tinha causado a morte do pai ao oferecer uma “banana da enchente”.

    “Que após o óbito de seu genitor, o relacionamento piorou e o casal passou a cogitar a separação”, consta no depoimento de Diego. “Que nunca chegou a falar claramente à Deise que gostaria de separar, apenas pensava na dinâmica de como seria as questões que envolvessem a separação… De certa forma, ‘o filho segurou o casamento’.”

    Ainda no depoimento, Diego contou que a esposa tinha instabilidades. “Deise sempre foi briguenta, se irritando constantemente com situações pequenas com as outras pessoas”, relatou o marido à polícia.

    “Deise vai do 8 ao 80 muito rápido”, disse Diego aos policiais.

    Sobre o bolo envenenado, a polícia acredita que Deise tinha como principal alvo a sogra, Zeli dos Anjos. Ela foi a responsável pelo preparo do bolo de reis, e afirmou também em depoimento que fez o preparo no dia 23 de dezembro, e achou “a farinha estranha”.

    Segundo a polícia, Deise colocou arsênio na farinha utilizada no bolo.

    O marido ainda relatou sobre um desentendimento com Deise ocorrido no dia 21 de novembro de 2024. “Deise queria que Zeli passasse o Natal com eles (ela, marido e filho), sendo que a sogra queria passar a data com as irmãs dela”, consta no depoimento.

    Naja

    Também em depoimento, a sogra contou um histórico de desavenças e que descobriu que era “chamada de Naja” pela nora.

    “Soube somente agora, através da cunhada Regina, que era chamada assim”, consta no depoimento de Zeli. “Deise se referiu à depoente (Zeli) como ´Naja’ para Regina”.

    Ainda segundo depoimento da sogra, Deise nunca a chamou de “Naja” pessoalmente, em referência à serpente.

    Ela, contudo, afirmou que Deise tinha ciúmes e “copiava seu jeito de vestir, de se arrumar, comprava sapatos e acessórios iguais”.

    Arte mostra quem é quem no caso do bolo envenenado • CNN

    Família

    Deise, o marido (Diego, filho de Zeli) e o filho moram em Nova Santa Rita. A sogra tem residências em Canoas e Arroio do Sal. O Natal onde ocorreu a tragédia foi no apartamento de Maida (irmã de Zeli), em Torres.

    Além de Maida, outra irmã de Zeli, Neuza, morreu na madrugada do dia 24 de dezembro depois de ingerir o bolo com arsênio. Tatiana, sobrinha, morreu após ser hospitalizada, no dia 25.

    O sobrinho-neto, Matheus, e a sogra, Zeli, foram hospitalizados e receberam alta posteriormente.

    Fotos – veja quem é quem na história

    Morte do sogro

    A polícia também constatou que antes do bolo, Deise matou o sogro, Paulo Luiz dos Anjos, também com arsênio, só que colocado no leite em pó.

    “Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito”, informou a defesa.

    *Sob supervisão

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