Obstetra é condenado a mais de 6 anos de prisão por morte de paciente no RS

Médico teria deixado gaze cirúrgica no interior da cavidade abdominal da paciente

Gabriela Garcia, da CNN, em Porto Alegre
Médico teria deixado uma gaze cirúrgica no interior da cavidade abdominal da paciente, em junho de 2023  • Reprodução
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Um médico obstetra foi condenado a seis anos e 25 dias de prisão, em regime semiaberto, em razão da morte de uma mulher após o parto, em Parobé (RS). A condenação diz respeito aos crimes de homicídio culposo majorado e falsidade ideológica.

Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a morte ocorreu no Hospital São Francisco de Assis, dois meses após Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, passar por uma cesariana. O médico teria deixado uma gaze cirúrgica no interior da cavidade abdominal da paciente, em junho de 2023.

Na sentença, a Justiça destacou que os elementos apresentados no processo judicial demonstram a conduta negligente do réu e a inobservância de regras técnicas da profissão.

"O réu agiu com negligência, faltando com seu dever de cuidado objetivo, ao deixar de inspecionar a cavidade abdominal da paciente após o procedimento cirúrgico realizado e antes de proceder ao fechamento da parede abdominal", afirmou o Juiz de Direito Thomas Vinicius Schons.

O médico também foi responsabilizado por omitir, no prontuário, a retirada de uma compressa deixada no abdômen da vítima durante o procedimento, meses após o parto.

"O acusado inseriu falsas informações no prontuário da vítima para, além de ocultar o erro por ele cometido, permanecer oficiando na área médica. Ainda, o réu, alterando a verdade real dos fatos, dispensou o material encontrado diretamente no lixo contaminado, o que fez para impossibilitar perícia eventualmente necessária ao deslinde dos acontecimentos", diz o juiz na sentença.

O magistrado também fixou indenização por danos morais no valor de 100 salários-mínimos para cada um dos seis filhos da vítima e para o marido, considerando o impacto psicológico e econômico causado pela perda.

Mariane deixou o marido e seis filhos, sendo um deles, o bebê recém-nascido. A decisão cabe recurso.

Relembre o caso

Em junho de 2023, Mariane Rosa da Silva Aita foi internada no hospital para a realização do parto. Durante a cesariana, o médico teria deixado uma gaze cirúrgica no interior da cavidade abdominal da paciente.

De acordo com informações do Tribunal de Justiça do RS, a denúncia relata que, dois meses depois, a mulher retornou ao hospital com fortes dores abdominais e foi novamente atendida pelo mesmo profissional. Ele então realizou uma nova cirurgia para retirada do corpo estranho.

No entanto, o homem teria omitido a informação no prontuário médico, registrando falsamente que o procedimento se destinava à retirada de um cisto ovariano.

Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul, a paciente permaneceu internada até o dia 23 de agosto de 2023, quando faleceu em decorrência de infecção generalizada e insuficiência renal aguda.

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