Pastor de "milagre financeiro" é investigado por pirâmide de criptomoedas
Caso tramita sob o Inquérito Policial instaurado inicialmente no Estado de São Paulo. Entre os 17 indiciados estão Nicoletti, sua esposa Elaine Crisley dos Anjos Silva e a própria igreja Ministério Recomeçar

O pastor evangélico Davi Nicoletti, conhecido nas redes sociais por prometer “milagres financeiros” aos mais de 70 mil seguidores, está no centro de uma investigação por suspeita de lavagem de dinheiro ligada a um esquema de pirâmide com criptomoedas.
A Igreja Ministério Recomeçar, fundada por ele, é apontada como uma das beneficiárias de valores ilícitos.
O caso tramita sob o Inquérito Policial instaurado inicialmente no Estado de São Paulo. Entre os 17 indiciados estão Nicoletti, sua esposa Elaine Crisley dos Anjos Silva e a própria igreja.
A Justiça paulista havia determinado o envio do processo à Comarca de Palhoça, em Santa Catarina, onde há uma filial da instituição religiosa. No entanto, o Ministério Público de SC contestou a transferência.
Segundo o MP catarinense, a decisão de São Paulo apresenta inconsistências e não segue os critérios previstos no Código de Processo Penal. A promotoria argumenta que a Igreja Ministério Recomeçar não é a principal responsável pelo esquema, mas apenas uma possível beneficiária.
Os atos de ocultação e dissimulação de capitais estariam concentrados em Brasília, onde fica a sede da igreja e a agência bancária responsável pelas movimentações suspeitas, e também em São Paulo, onde o inquérito original teve início.
Além disso, o MP destacou que os autos remetidos a Santa Catarina não continham cópias substanciais da investigação prévia, o que compromete a análise da conexão entre os fatos.
A simples existência de uma filial em Palhoça, segundo o órgão, não justifica a mudança de competência, especialmente se os atos centrais da lavagem ocorreram em outras localidades.
Diante do impasse, o juízo da Vara Regional de Garantias da Comarca de São José (SC) determinou a suspensão do processo e suscitou um conflito de competência a ser resolvido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A CNN entrou em contato com o pastor evangélico Davi Nicoletti, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Veja nota da igreja.
Em atenção ao pedido de esclarecimentos solicitado pelo veículo de comunicação CNN Brasil acerca do inquérito que investigou o Pastor Davi Nicoletti e a Pastora Cris Nicoletti, da Igreja Ministério Recomeçar, elucidamos o que segue.
O inquérito instaurado no Estado de São Paulo para apurar eventual crime antecedente à suposta prática de lavagem de dinheiro foi arquivado por decisão judicial, nos autos do processo nº 1510510-42.2023.8.26.0050. O arquivamento ocorreu após manifestação do Ministério Público, que reconheceu a inexistência de indícios suficientes para o oferecimento de denúncia.
Nos termos da lei penal brasileira, a lavagem de dinheiro pressupõe a existência de um crime antecedente devidamente comprovado, o que não ocorreu neste caso. Diante disso, a Justiça, em consonância com o Ministério Público, determinou o arquivamento do feito, conforme o artigo 18 do Código de Processo Penal e a Súmula 524 do STF.
Portanto, não há qualquer acusação criminal válida ou pendente contra a Igreja Recomeçar, tampouco contra o Pastor Davi Nicoletti ou a Pastora Cris Nicoletti.
No tocante à alegada ligação com a empresa MDX Capital Miner Digital, a única relação existente era de natureza estritamente religiosa, uma vez que um dos administradores da referida empresa frequentava os cultos da igreja, como qualquer fiel que busca apoio espiritual. Não houve qualquer vínculo comercial, societário ou contratual entre os líderes da igreja e a empresa mencionada.
Quanto às doações recebidas, é importante esclarecer que, no período de 2019, a Igreja Recomeçar possuía seis unidades em funcionamento, com milhares de membros ativos. As ofertas recebidas naquele ano somaram aproximadamente R$ 1,5 milhão. Os valores eventualmente doados por qualquer membro, inclusive ligados à empresa citada, corresponderam a pequenas contribuições voluntárias, feitas nos moldes legais e comuns às atividades de qualquer instituição religiosa.
Conforme já analisado e concluído nos autos do inquérito arquivado, não se verificou qualquer irregularidade ou simulação de operações ilícitas envolvendo a igreja ou seus líderes. O próprio Ministério Público, em manifestação registrada nos autos, reconheceu a ausência de indícios de dolo ou apropriação indevida por parte dos investigados.
A Igreja Recomeçar reforça seu compromisso com a legalidade, a transparência e a fé cristã, colocando-se à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.
Águas Claras/DF, 22 de julho de 2025.
Atenciosamente,
Igreja Ministério Recomeçar
*Sob supervisão de AR


