TJ-SP mantém condenação de perito por mentir em laudo sobre acidente que matou filho de Alckmin
Helicóptero que levava Thomaz Alckmin caiu em abril de 2015 em Carapicuíba, na Grande São Paulo; outras 4 pessoas morreram
A Justiça paulista manteve a condenação do perito Helio Rodrigues Ramaccioti, que atuou na investigação do acidente aéreo que matou, em 2015, o filho do então governador de São Paulo e hoje vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).
Ramaccioti foi condenado a a três anos, um mês e dez dias de prisão por infração ao artigo 342 do Código Penal, que é o crime de falso testemunho ou falsa perícia. Ele havia sido condenado em primeira instância em 27 de março pela juíza Carolina Hispagnol Marchi, da comarca de Carapicuíba.
A defesa do perito recorreu, mas o pedido foi negado na semana passada pelo desembargador Marcelo Gordo, do Tribunal de Justiça de São Paulo. A pena de prisão, em regime aberto, foi mantida.
De acordo com o processo, “o acusado fez diversas afirmações falsas, como perito, no inquérito policial” que apurava as causas do acidente, “com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal”.
O magistrado afirma na sentença que as “falsidades apontadas” por Ramaccioti, “aliadas a outros equívocos da investigação criminal, quase fizeram mudar os rumos do inquérito, acarretando, inclusive, no indiciamento indevido de pessoas”.
O processo destaca ainda que houve a “inserção de informações sobre exames dos quais o acionado [Ramaccioti] não participou, o que foi descoberto porque, realizada uma comparação entre o laudo emitido pelo réu e o laudo elaborado pela Aeronáutica, constatou-se que o primeiro era cópia deste, consoante tabela formulada indicando as coincidências de redação”.
O desembargador disse ainda: “No particular, a concepção do dolo, porquanto não admissível o ingresso no âmago do agente, há de ser haurida de elementos objetivos que até aqui lhe são francamente desfavoráveis, mormente porque, como perito experiente, fez afirmações não condizentes com a verdade e não logrou apresentar explicações plausíveis. Ao reverso, testemunhos presenciais ao tempo da reprodução dos ensaios técnicos, identificaram uma postura refratária do apelante e até certa irresignação com os questionamentos que eram trazidos acerca de seu trabalho.”
“Interpelado em juízo”, o perito “asseverou não ter proferido qualquer afirmação equivocada ou desprovida de base técnica e científica assim como não o fez em 27 (vinte e sete) anos de atuação, seja como perito criminal, seja como engenheiro”.
O que diz a defesa do perito
Por meio de nota, a defesa diz que “Helio Rodrigues Ramaciotti, é perito criminal há quase 30 anos, sendo reconhecido por sua competência, integridade e induvidosa capacidade profissional” e que “a provisória decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo desafia não só a evidência dos autos, a palavra dos diversos especialistas ouvidos no processo, mas, sobremaneira, o laudo convergente do CENIPA [Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos], órgão máximo e composto por experts da Força Aérea Brasileira, cuja conclusão foi idêntica”
“Ressaltamos que ainda há inúmeros recursos possíveis a serem apresentados, onde se buscará Justiça e o reconhecimento da plena inocência de nosso cliente.”
O acidente
O helicóptero EC 155 B1, prefixo PP-LLS, pertencia à empresa Seripatri e caiu no dia 2 de abril de 2015 em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Além de Thomaz Alckmin, filho de Geraldo Alckmin, outras quatro pessoas morreram na queda da aeronave:
- Carlos Haroldo Esquerdo Gonçalves (piloto)
- Paulo Henrique de Moraes (mecânico)
- Leandro de Souza Santos (auxiliar de mecânico)
- Erick Canhabate Martinho (mecânico inspetor)