Transplantados com HIV: É um laboratório sem compromisso, diz infectologista à CNN
Luana Araújo questiona a contratação de laboratório externo após seis pacientes serem infectados com HIV em transplantes no Rio de Janeiro
A infectologista Luana Araújo criticou duramente a terceirização de exames laboratoriais no processo de transplante de órgãos, após o incidente que resultou na infecção por HIV de seis pacientes no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao CNN Prime Time, a especialista questionou a decisão de contratar um laboratório externo para realizar os testes, descrevendo-o como “um laboratório sem compromisso adequado com a importância da função que executa”.
Araújo destacou que, apesar do Brasil ser reconhecido internacionalmente pela excelência em transplantes, com mais de 14 mil procedimentos realizados este ano, superando o número do ano anterior, é fundamental revisar constantemente os processos envolvidos. “Há sempre oportunidade de melhoria”, afirmou.
Questionamento sobre terceirização
A infectologista questionou a justificativa dada para a contratação do laboratório externo, que alegava que o Hemorio, órgão responsável pelos exames no estado, não teria capacidade para lidar com a demanda.
“Veja que situação que estamos agora. Lá está o Hemorio executando 286 exames em três, quatro dias em regime de plantão para poder dar respostas às pessoas, revendo esses casos que foram avaliados inicialmente por esse laboratório”, pontuou.
Araújo sugeriu que, em vez de buscar economia através da terceirização, seria mais adequado investir na melhoria da estrutura do Hemorio, uma instituição que ela considera “absolutamente condizente com a responsabilidade de atuação” em processos tão cruciais como os transplantes.
Apesar das críticas à terceirização, a infectologista fez questão de ressaltar a qualidade geral do sistema de transplantes brasileiro.
“O nosso processo, o nosso fluxo, ele é impecável. De novo, sempre pode ser revisto, mas ele é impecável e é por isso que um evento como este é inédito”, concluiu Araújo.