Três anos após 1ª vacinada contra Covid-19, 53% da população completou imunização
Menos de 20% dos brasileiros procuraram por reforço da vacina bivalente; Ministério da Saúde prepara campanha para 2024
Nesta quarta-feira (17) completam-se três anos desde que a primeira pessoa foi vacinada contra a Covid-19 no Brasil. A enfermeira Mônica Calazans, de 57 anos, recebeu o imunizante Coronavac, desenvolvido no país pelo Instituto Butantan, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Na avaliação de cobertura vacinal, o esquema primário de duas doses, com as vacinas monovalentes, registra uma cobertura de 83,86%, desde o início da campanha em janeiro de 2021 até janeiro de 2024. O monitoramento feito pelo Ministério da Saúde mostra que 53,3% da população completou o ciclo vacinal do imunizante monovalente.
Na faixa etária de 6 meses a 2 anos, a cobertura é de 13% para as duas doses, sendo que para o esquema completo de três doses, a abrangência é de 5,7%. Segundo dados divulgados pelo ministério, na faixa de 40 anos para mais, a cobertura é de 95,05%, sendo que essa foi a única faixa etária a alcançar a meta de vacinação de 90%.
Já no caso do reforço com a vacina bivalente, desenvolvidas no combate da cepa original e da Ômicron, que são aplicadas desde fevereiro do ano passado, somente 16,26% da população procurou um posto.
No contexto nacional, o ano de 2023 finalizou com 1.879.583 casos e 14.785 óbitos por Covid-19. Na primeira semana epidemiológica de 2024, foram notificados 19.950 casos e 101 óbitos, sinalizando uma diminuição tanto no número de casos quanto nas mortes em comparação com a última semana de 2023.
A primeira vacinada
Mônica Calazans mora na capital paulista e trabalhava no hospital Emílio Ribas, referência no tratamento de Covid-19 no país, quando tomou a primeira dose. Ela foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a doença no Brasil.
A enfermeira, na época da aplicação da dose, tinha um perfil de alto risco para complicações do vírus: era obesa, hipertensa e diabética. Mesmo assim, em maio, quando a pandemia atingiu alguns de seus maiores picos, escolheu trabalhar no hospital, mesmo ciente de que a unidade estaria no epicentro do combate à pandemia.
Segundo ela, a vocação falou mais alto mesmo o trabalho sendo arriscado. Hoje a enfermeira trabalha no Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). A profissional atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos, resolveu fazer faculdade posteriormente e conseguiu o diploma de enfermeira aos 47 anos.
“Ser enfermeira e estar enfrentando uma pandemia sem vacina fez toda a diferença, tínhamos coragem de enfrentar um vírus tão arrebatador, fazendo que todos da linha de frente demonstrassem garra e comprometimento com a saúde da população”, afirmou.
“O empenho de cada um em salvar vidas, e me incluo, foi emocionante, era comovente. Quando um paciente ganhava alta comemorávamos e agradecíamos a Deus, e quando chegou a vacina foi mais felicidade ainda pois, a partir desse momento, tínhamos uma aliada para combater e diminuir o número de casos da vacina”, contou à CNN.
Mônica destaca ainda a importância das pessoas tomarem as doses de reforço e que as campanhas informem a população sobre a eficácia da vacina.
“O fato das pessoas não completarem o seu ciclo vacinal contra a Covid-19 é preocupante, temos variantes circulando entre nós. As pessoas acham que pelo fato de terem retomado a rotina normal está tudo bem e se esquecem da necessidade de completar o ciclo. É necessário mais campanhas, informações para que a população entenda a eficácia da vacina”, disse.
Campanha ministerial para 2024
Segundo o informe divulgado em janeiro de 2024 pelo Ministério da Saúde, a pasta segue monitorando a circulação do vírus no hemisfério Norte, considerando o período de inverno nessa região, que costuma provocar alta de casos por vírus respiratórios de importância para a saúde pública.
O relatório deste mês destaca um aumento nos casos por causa do recesso de fim de ano. Apesar disso, situações importantes já podem ser observadas utilizando os dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o aumento na notificação de novos casos de Covid-19 nas últimas semanas de 2023 em todos os continentes.
Segundo a Saúde, os números reforçam a importância da vacinação e das demais medidas preventivas.
“A vacinação em dia é a melhor forma de prevenir a Covid-19, suas formas graves e óbitos, principalmente nas populações mais vulneráveis. Por isso, é fundamental que quem está com alguma dose em atraso visite uma unidade de saúde para reforçar a proteção contra a doença. Também é importante iniciar e completar a vacinação das crianças, pois a infecção pelo vírus pode trazer riscos e sequelas”, divulgou o ministério.
No mais, a pasta destaca que outras doenças respiratórias, como a Influenza A, tiveram aumento de casos em alguns países, que pode estar relacionado ao crescimento de infecções por Covid-19, e também merecem atenção.
*Sob supervisão de Bruno Laforé