Gleisi chama ministros de centro para barrar votação de urgência da anistia
Encontro vai acontecer no Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou nesta terça-feira (16) ministros de partidos de centro para uma reunião no Palácio do Planalto, marcada para depois do horário do almoço, com o objetivo de organizar a estratégia de reação para tentar impedir a votação de urgência do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
A ofensiva foi desencadeada após a sinalização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que pretende pautar o pedido de urgência já nesta quarta-feira (17). Caso aprovado, o trâmite da proposta será acelerado, diminuindo o tempo de debate e abrindo caminho para a votação direta no plenário.
À CNN, Gleisi reforçou a posição contrária do governo e criticou a pressa para votar o projeto enquanto ainda há julgamentos em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal). “O governo é contra a anistia. Além de imoral é inconstitucional. Nem terminou o julgamento e já há pressão para pautar. Vamos nos posicionar contra e trabalhar para derrubar o pedido de urgência”, declarou.
A ministra tenta mobilizar partidos como MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos, que ocupam cadeiras no primeiro escalão do governo e têm peso decisivo no plenário da Câmara. A ideia é usar a influência desses ministros junto a suas bancadas para frear o avanço da proposta.
Além da articulação política, o governo aposta em reforçar o discurso de que a anistia é juridicamente insustentável e moralmente inaceitável. O argumento é de que, ao conceder perdão aos condenados antes mesmo da conclusão dos julgamentos, o Congresso daria um recado de desrespeito às instituições e ao próprio processo democrático.
Se a urgência for aprovada, o Planalto terá de intensificar sua mobilização no plenário para tentar adiar ou alterar o texto. Auxiliares do presidente defendem que o projeto de anistia, se for votado, não poderia ser amplo, incluindo, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).