Morto antes de golpe: corpo de Tenório Jr. é identificado na Argentina
Francisco Tenório Júnior, na época com 35 anos, era pianista e acompanhava Vinícius de Moraes e Toquinho em turnê no país
O corpo do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido em Buenos Aires, foi identificado após 50 anos pela comparação de impressões digitais, confirmou a CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos) e a EAAF (Equipe Argentina de Antropologia Forense), neste sábado (13).
Tenório Júnior, na época com 35 anos, acompanhava os músicos Vinícius de Moraes e Toquinho em uma turnê pela Argentina. Uma semana antes do golpe que derrubaria María Estela Martinez Perón e instalaria uma ditadura militar no país, o pianista teria desaparecido.
O músico era um dos pianistas mais respeitados do Brasil na década de 1970, com participação em festivais nacionais e internacionais, turnês e colaborações com grandes nomes da música brasileira.
Em 18 de março de 1976, ele teria saído do Hotel Normandie, na região da Avenida Corrientes, para fazer compras e nunca mais foi visto. Dois dias depois, o cadáver de um homem foi encontrado em um terreno baldio na região de Tigre, próximo a Buenos Aires, morto por disparos de arma de fogo, e o corpo foi enterrado sem identificação no Cemitério de Benavídez.
O processo foi recuperado pela Procuradoria de Crimes contra a Humanidade, que investiga casos de cadáveres encontrados entre 1975 e 1983 em Buenos Aires que permaneciam sem identificação, para verificar se seriam vítimas do terrorismo de Estado.
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A EAAF, por ordem da Câmara Federal de Apelações da Capital Federal da Argentina, comparou as impressões digitais do corpo com os registros de Tenório Júnior arquivados no Brasil, confirmando sua identidade.
O Governo Brasileiro, através da Comissão, informou acompanhar o caso e notificou a família e segue oferecendo apoio, além de colaborar com esforços para localizar possíveis remanescentes do músico. O caso integra investigações relacionadas à Operação Condor, que coordenou ações repressivas entre ditaduras militares da América do Sul na década de 1970.