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    TCU recomenda revisão de desoneração da cesta básica ao relator da reforma tributária

    Relatório foi entregue nesta quinta-feira pelo presidente do Tribunal, Bruno Dantas, ao relator da reforma tributária no Senado Federal, Eduardo Braga

    Danilo Moliternoda CNN , São Paulo

    O Tribunal de Contas da União (TCU) recomenda, em relatório sobre a reforma tributária, a revisão da desoneração de produtos da cesta básica. Em sua análise, indica que essa renúncia fiscal poderia ser utilizada em métodos mais eficientes de combate à pobreza.

    O documento foi entregue nesta quinta-feira (28) pelo presidente do Tribunal, Bruno Dantas, ao relator da reforma tributária no Senado Federal, Eduardo Braga (MDB-AM).

    A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma aprovada na Câmara dos Deputados isenta a “Cesta Básica Nacional” de impostos sobre o consumo. O TCU indica que a desoneração completa pode resultar na não arrecadação de R$ 70 bilhões entre os entes federados.

    Segundo o documento, apesar da elevada renúncia, apenas R$ 4,5 bilhões desse gasto (6,43%) seriam apropriados pelos 10% mais pobres da população, enquanto os 10% mais ricos se apropriariam de R$ 13,4 bilhões (19,13%).

    Caso a desoneração acabe e a arrecadação retorne, o governo precisaria investir cerca de R$ 40 bilhões no Bolsa Família ou em outro programa de transferência de renda para eliminar os efeitos negativos do retorno dos impostos para a população mais pobre. É o que indica o TCU.

    Dantas e Braga, na entrega do relatório do TCU ao senador
    Dantas e Braga, na entrega do relatório do TCU ao senador / Eduardo Braga / Comunicação

    “No caso do Bolsa Família, esse incremento corresponderia a um aumento de 24% na dotação planejada do programa para o próximo ano. Em qualquer cenário, o custo operacional seria mínimo uma vez que a transferência de renda já é operacionalizada e possui toda a estrutura necessária para sua execução”, indica.

    Sobre a possibilidade de a reforma prever um “cashback” para a população mais pobre, o TCU avalia que o gasto também seria próximo a R$ 40 bilhões. Não há estudos que mensurem o custo operacional desta solução, todavia.

    O TCU defende que os aproximadamente R$ 30 bilhões restantes de receita poderiam ser utilizados em outros programas que têm por objetivo acabar com a insegurança alimentar e são focados nas famílias mais pobres.

    “Cita-se, especialmente, o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], que garante a alimentação escolar para crianças e adolescentes de escolas públicas de todo o Brasil. As famílias com crianças e adolescentes são, em geral, as que têm menores rendas e são as mais vulneráveis à situação de pobreza”, indica.

    “Um incremento do PNAE, por exemplo, seria bem focalizado nas famílias com maior insegurança alimentar e teria custos operacionais marginais”, defende.

    O documento relembra ainda que o TCU já informou anteriormente o Congresso de que o Bolsa Família é mais eficiente que a política de desoneração tributária da cesta básica. Em outra ocasião recomendou a revisão da política.

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