Maia responde Bolsonaro: presidente nos joga pedras, Parlamento vai jogar flores

Para o presidente da Câmara, Bolsonaro faz ataques para tentar mudar de assunto depois de demitir Mandetta do Ministério da Saúde

Da CNN, em São Paulo
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia em entrevista para a CNN (16.ab
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia em entrevista para a CNN   • Foto: CNN Brasil (16.abr.2020)
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a responder as críticas feitas a ele pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta quinta-feira (16). Em entrevista à CNN, o deputado classificou a fala de Bolsonaro como uma tentativa de mudar o assunto da demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

"O presidente ataca como um velho truque da política, para mudar de assunto. Para nós, o assunto continua sendo a saúde", disse ele.

Maia disse que não responderá a Bolsonaro "no nível que ele quer que eu responda". "O presidente não vai ter de mim ataques. Ele nos joga pedras, o Parlamento vai jogar flores ao governo federal."

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O deputado também disse que o povo está preocupado com a exoneração de Mandetta. "Vamos dar uma chance ao novo ministro, mas a saída do Mandetta assusta", disse. Ele comparou a situação a uma guerra, em que se trocou o principal general. 

Maia ressaltou que o momento pede união em torno de um só objetivo: salvar vidas. "A crise é horizontal, o isolamento é horizontal, não vertical. Não escolhemos quem vamos salvar", disse ele, em referência à estratégia proposta por Bolsonaro, em que só pessoas em grupo de risco adotariam o isolamento social. 

"Precisamos ter responsabilidade, sangue frio e pauta", falou. "O presidente passou 27 anos aqui [na Câmara dos Deputados], espero que tenha aprendido que aqui é a casa do diálogo."

O deputado lembrou as propostas que estão em pauta na casa legislativa agora para tentar mitigar os efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus. Ele citou a aprovação do Orçamento de Guerra, a ampliação da renda básica emergencial e a criação de uma linha de crédito para o microempreendedor.

"Não podemos criar mais insegurança. Presidente, conte com a Câmara", declarou.