Governo fala em ‘indícios de adulteração’ em documento de deputado sobre Covaxin

No Twitter, Secom diz que 'invoice' apresentado por Luis Miranda (DEM-DF) será periciado e que valor de US$ 15 por dose é o mesmo pago por outros 13 países

Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo
Governo brasileiro nega irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin
Governo brasileiro nega irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin  • Foto: Pallava Bagla - 12.jun.2021/Corbis via Getty Images
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O governo federal voltou a negar nesta quinta-feira (24) que tenha havido irregularidades ou superfaturamento na compra da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19.

Na noite de quarta-feira (23), a Casa Civil apresentou documentos para rebater as denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) em entrevista à CNN, sobre "provas contundentes" de irregularidades nas negociações para a compra do imunizante.

Agora, em uma série de mensagens publicadas em seu perfil no Twitter, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República afirmou que era “hora de registrar a verdade sobre a Covaxin, depois de um dia dedicado a organizar informações e acabar (...) com mais uma narrativa articulada para atacar o Presidente e o Governo”.

A pasta diz ainda que, “ao contrário do alardeado”, não houve superfaturamento nem favorecimento de laboratórios farmacêuticos – se referindo à Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato do governo com a Bharat Biotech.

“Toda a narrativa divulgada pelo deputado [Luis Miranda], acolhida e propagada exaustivamente pela imprensa tem como base um documento com ERROS, e que apresenta fortes indícios de ADULTERAÇÃO (será periciado): trata-se do INVOICE, que é uma nota de importação”, diz a secretaria.

Em outra mensagem na rede social, a pasta explica qual seria esse erro: o documento falaria em 300 mil doses do imunizante, “o que faria o preço unitário saltar de US$ 15 para US$ 150” e diz que o número correto é de 3 milhões de doses, o que corresponde a US$ 15 por unidade.

“Como se vê, por algum motivo escuso, aparentemente, um servidor ou adulterou documento ou identificou um erro que logo foi corrigido e, mesmo assim, utilizou o documento errado para criar uma narrativa mentirosa contra o Presidente da República e o Governo Federal”, argumenta a Secom.

Ainda de acordo com a secretaria, o invoice com o número correto de doses apresentava outro erro: falar em 100% do pagamento antecipado, ao contrário do contrato, que previa pagamento após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e entrega do imunizante.

A pasta diz que após alerta do Ministério da Saúde o laboratório indiano retificou a informação e remeteu uma nova cobraça “com a previsão correta de pagamento (e, também, com as 3 milhões de doses)”.

Secom diz que valor pago pela Covaxin está dentro de variação de 30%
Secom diz que valor pago pela Covaxin está dentro de variação de 30% em relação à média de preço de outras vacinas contra Covid-19
Foto: Reprodução/secomvc/Twitter

Comparação de preços com outros imunizantes

A Secom negou, também, que o preço pago pelas doses da vacina Covaxin esteja fora do padrão do mercado e disse que o valor de US$ 15 por unidade foi o mesmo praticado pela Bharat Biotech com outros 13 países além do Brasil.

“O valor que a imprensa diz ser o ‘original’ (US$ 1,34) é o valor praticado pela empresa para os estados indianos – com subsídios estatais indianos (...) Para os hospitais privados dentro da Índia o valor salta para US$ 16”, diz o governo brasileiro, incluindo o link para uma notícia do Indian Express sobre esses valores.

Ainda de acordo com a Secom, o valor pago pelas doses da Covacin está dentro de uma variação de até 30% em relação à média das vacinas negociadas pelo Brasil – que, segundo a pasta, foi de US$ 11,97 por dose.

Na mensagem, a pasta informa também os preços que pagou por todas vacinas contra Covid-19 que o Ministério da Saúde adquiriu.

A mais barata foi a vacina da AstraZeneca/Oxford produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que custa US$ 3,65 cada dose. Já a mais cara foi a vacina da Moderna, ao custo de US$ 30 cada unidade.