"Abin paralela" também monitorou advogados de desafetos do governo, aponta PF

Roberto Bertholdo, ligado ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, teria sido um dos alvos do esquema de espionagem ilegal

Elijonas Maia, da CNN, Brasília
Fachada da Abin, em Brasília  • Antonio Cruz/Agência Brasil
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Diálogos levantados pela Polícia Federal apontam a prática de espionagem ilegal contra escritórios de advocacia de adversários políticos de integrantes do governo Jair Bolsonaro (PL).

Um dos monitorados, segundo a investigação, é o advogado Roberto Bertholdo, do Paraná. Ele é ligado a Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados, quando a espionagem teria ocorrido.

A PF descobriu que um militar do Exército, assessor do então diretor da Agência Brasileira da Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, falava abertamente sobre o monitoramento dele.

As mensagens diziam que “Maia estava na área de Bertholdo” e que “estava monitorando o tel”.

O advogado também é próximo à ex-deputada Joice Hasselmann, que virou desafeto do governo passado. Os diálogos obtidos pela PF demonstram havia uma organização para atacar adversários também do governo para desocupar cargos altos. E é citado um “DAS-5", que é um cargo comissionado de confiança.

Investigadores ouvidos pela PF dizem que os advogados e escritórios de advocacia não eram espionados necessariamente pelo programa FirstMile, mas foi alvo da chamada “Abin paralela” com a criação de perfis fakes do “gabinete do ódio” - no Palácio do Planalto - e divulgação de fake-news.

A CNN procurou Alexandre Ramagem, atual deputado federal (PL-RJ), e a Abin e aguarda retorno.