Advogado nega envolvimento em fraudes e decide ficar em silêncio em CPMI

Nelson Wilians presta depoimento nesta quinta-feira (18) na comissão de inquérito do Congresso que apura fraudes no INSS

Emilly Behnke, da CNN, Brasília
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O advogado Nelson Wilians negou nesta quinta-feira (18) ter “qualquer participação” no esquema de fraudes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que apura o esquema irregular, ele decidiu ficar em silêncio em parte das perguntas feitas na oitiva.

“Reafirmo, com absoluta clareza: não possuo qualquer ligação com os fatos investigados por essa ilustre, respeitosa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Vou repetir: não possuo, eu, Nelson Wilians; a Nelson Wilians não possui qualquer ligação com os fatos investigados”, disse.

Depois de fazer uma fala inicial e responder algumas perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o advogado anunciou que iria exercer o seu direito constitucional de permanecer em silêncio.

No início do depoimento, Nelson Wilians se negou a fazer, voluntariamente, o compromisso de dizer a verdade. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que ele estava desobrigado do compromisso, conforme habeas corpus parcialmente concedido, mas que poderia fazê-lo caso desejasse.

Em sua fala, Wilians admitiu conhecer e ter relação de amizade com Maurício Camisotti, empresário investigado e preso na sexta-feira (12) pela PF (Polícia Federal). Também na sexta, Nelson Wilians foi alvo de buscas e apreensões, em São Paulo. A PF pediu a prisão do advogado, mas a solicitação não foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"Conheço [Camisotti] desde 2015, apresentado por um amigo em comum, uma pessoa de bem também, assim como eu, que estou aqui falando com vocês. Minha relação com Maurício, duas: inicia profissional e passou para amizade, são dois tipos de relação", declarou.

Wilians negou, porém, conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, um dos principais investigados no esquema de fraudes.

"Quero destacar para vocês, de maneira categórica: eu não conheço o Careca do INSS, guardem isso. Eu, Nelson Wilians, não conheço o Careca do INSS. Eu só vim a ter conhecimento desta figura e deste nome a partir das notícias. Que não paire dúvida, eu não o conheço", afirmou.

Sobre o pedido de prisão feito pela PF, Nelson Wilians evitou condenar a solicitação, mas ressaltou que foi indeferida por não ter fundamento.

"O papel [da PF] é de apurar. Se a Polícia Federal achou que aquele seria o caminho, é um direito dela. A mim cabe respeitar, a mim cabe acatar. Eu não acho que ela errou. Mas agora eu vou ter a oportunidade de apresentar os documentos, os argumentos, isso com calma", disse.