Ala no Senado quer CPI das Pesquisas, mas deve sofrer pressão por fila congelada
Comissão para investigar suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação é uma das que poderia entrar em funcionamento
Uma ala de senadores se articula para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre os institutos de pesquisas eleitorais. Enquanto isso, o Senado já conta com outras quatro CPIs que, em tese, podem funcionar, mas estão congeladas na fila.
Embora os líderes possam indicar os membros para comporem as CPIs à espera de serem postas em funcionamento, nenhum o fez até o momento por causa de um acordo. Ficou combinado entre os senadores que nenhuma CPI funcionaria ao longo do período eleitoral para que não virassem palanques a candidatos no pleito, especialmente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concorrentes ao Planalto.
O assunto, porém, foi ressuscitado com a coleta de assinaturas suficientes pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) para a instalação de uma CPI para apurar os sistemas de realização de pesquisas eleitorais de intenção de voto pelas principais empresas e institutos do país, além de aferir as causas das “expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados”.
Os institutos de pesquisa se tornaram alvo de questionamentos da base governista no Congresso Nacional após o primeiro turno das eleições por causa da diferença entre os resultados das urnas e as projeções para a disputa presidencial feitas nos dias que antecederam o pleito. Contrastes também foram observados nas disputas estaduais.
Nesta semana, Do Val afirmou numa rede social que a CPI das Pesquisas “está dependendo somente do senador Randolfe Rodrigues para darmos início” a ela. Isso porque Randolfe (Rede-AP), líder da oposição no Senado e integrante da coordenação da campanha de Lula, argumenta que a CPI das Pesquisas deve ser instalada ao mesmo tempo que a CPI do MEC – uma das quatro congeladas.
“Já que os colegas conseguiram as assinaturas para a CPI das pesquisas – e têm o direito, conforme a Constituição -, a questão de ordem que faço à Mesa é que, na semana que vem, de imediato, a gente já faça a instalação dessa comissão combinada também com a comissão que estava sobrestada, logo, a CPI ao ‘bolsolão’ do MEC. E, aí, a gente instala logo as duas CPIs”, declarou Randolfe em sessão do Senado do dia 6 deste mês.
Estão à espera de serem instaladas oficialmente:
- CPI do MEC (defendida pela oposição para investigar suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação sob a gestão de Milton Ribeiro);
- CPI de obras inacabadas (defendida por governistas para apurar suspeitas de irregularidades relativas a obras públicas não iniciadas e não concluídas entre 2006 e 2018, além de possíveis irregularidades no Fies);
- CPI do narcotráfico (para apurar a relação entre o aumento no homicídio de jovens entre 2016 a 2020 e o narcotráfico, além de se debruçar sobre associações criminosas no Norte e Nordeste);
- CPI das ONGs/Amazônia (para investigar índices de queimadas e desmatamentos na Amazônia).
As mais encampadas por parte dos senadores antes das eleições eram as duas primeiras, ainda que com reservas. A tendência é que nem todas essas CPIs realmente funcionem até o início do ano que vem, mesmo depois do pleito de outubro, tanto pelo interesse dos senadores quanto pelo prazo exíguo.
O regimento do Senado estabelece que, em qualquer hipótese, o prazo da uma CPI não pode ultrapassar o período da legislatura em que for criada. Dessa forma, qualquer CPI criada nos próximos meses só poderá funcionar até 31 de janeiro de 2023, quando acaba a atual legislatura – período de quatro anos, cujo início coincide com o dos mandatos dos deputados federais e senadores. O mandato de um senador é de oito anos e formado, portanto, por duas legislaturas.
Ao contrário das quatro CPIs congeladas, a das pesquisas ainda precisa ter o requerimento de criação dela lido no plenário do Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, na terça (11), que o ato segue sem previsão de acontecer. Ele ainda ressaltou que as CPIs só devem ser tocadas após as eleições.
“Esse entendimento prevalece para toda e qualquer CPI, de modo que nós vamos precisar ultrapassar o período eleitoral para então eventualmente serem instaladas as CPIs com as indicações dos membros pelos blocos. A leitura pode ser antes, não tem problema. A instalação é por acordo de líderes.”
O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), avaliou que uma CPI voltada às pesquisas eleitorais “talvez seja uma dimensão um pouco precoce para um assunto em que não se debruçou suficientemente nesta Casa”.
Prevendo alguma dificuldade em se instalar a CPI das Pesquisas, o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), apresentou um requerimento para a realização de audiência pública sobre o tema na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado.
A intenção é ouvir representantes de institutos de pesquisas eleitorais, cientistas políticos e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, sobre levantamentos realizados e metodologias utilizadas. O pedido ainda não foi votado.
Também há na Câmara dos Deputados uma articulação feita por aliados de Bolsonaro para a abertura de uma CPI sobre os institutos de pesquisas eleitorais. Contudo, o grupo reuniu apenas cerca de 100 das 171 assinaturas necessárias para a comissão até agora.
Fotos — Os 27 senadores eleitos em 2022
- 1 de 27
O jornalista e administrador de empresas Alan Rick Miranda (União) foi eleito senador pelo Acre. Com 100% do total apurado, ele teve 154.312 votos (37,46% dos votos válidos). • Gustavo Monteiro/Assessoria
- 2 de 27
O senador Omar Aziz (PSD) foi reeleito para seu segundo mandato representando o Amazonas, com 766.006 votos, o correspondente a 40,99% (com 98,82% das urnas apuradas). Senador desde 2015, Aziz celebrizou-se durante o atual mandato pelas presidências da CPI da Pandemia (em 2021) e da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE — em 2019 e 2020). • Omar Aziz Oficial
- 3 de 27
A população do Amapá deu mais um voto de confiança a Davi Alcolumbre (União) e o reelegeu senador. Com 100% das urnas apuradas, ele alcançou 196.087 votos (47,88% do total). • Davi Alcolumbre Oficial
-
- 4 de 27
O deputado federal Beto Faro (PT) foi eleito senador pelo Pará, após obter 1.736.150 votos da população do estado, o que corresponde a 42,2% dos votos válidos (com 98,4% das urnas apuradas). • Câmara dos Deputados
- 5 de 27
O empresário Jaime Bagatoli (PL-RO) foi eleito senador por Rondônia. Às 20h52, com 98,74% das urnas apuradas, ele tinha 289.553 votos (35,87% do total). • Jaime Bagattoli Oficial
- 6 de 27
O deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR) foi eleito neste senador pelo estado de Roraima. Com 100% das urnas apuradas, ele teve 118.760 votos (46,43% do total). • Dr. Hiran Gonçalves Oficial
-
- 7 de 27
A deputada federal Professora Dorinha (União) foi eleita senadora pelo Tocantins. Ela obteve 395.408 votos, o correspondente a 50,42% dos votos válidos. • Professora Dorinha Oficial
- 8 de 27
Com 845.988 votos (56,92% dos votos válidos), os alagoanos elegeram Renan Filho (MDB) senador. • Reprodução/Instagram @renanfilho15
- 9 de 27
O senador Otto Alencar (PSD) ganhou mais um voto de confiança da população da Bahia e foi reeleito senador. Com 85,72% dos votos apurados, ele recebeu 3.580.212 votos e ficou em primeiro lugar na disputa eleitoral, com 57,52% dos votos válidos. • Otto Alencar Oficial
-
- 10 de 27
Os eleitores do Ceará elegeram Camilo Santana (PT) senador pelo estado. Com 84,16% das urnas apuradas, o resultado foi matematicamente definido. Ele teve 2.831.810 votos, o que representa 68,68% dos votos válidos. • Camilo Santana Oficial
- 11 de 27
O estado do Maranhão elegeu o ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado Federal. Com 99,06% das urnas totalizadas, ele já tinha alcançado 2.100.390 votos (62,31% dos votos válidos). O mandato começa em fevereiro de 2023 e vai até fevereiro de 2031. • Divulgação
- 12 de 27
Efraim Filho (União) foi o escolhido pelos paraibanos para ocupar a vaga no Senado de 2023 até 2031. Ele obteve 617.477 votos, o que equivale a 30,82% dos votos válidos. • Reprodução/Redes Sociais
-
- 13 de 27
Os pernambucanos elegeram Teresa Leitão (PT) para representá-los no Senado nos próximos oito anos. Com 94,96% das urnas apuradas, ela obteve 1.964.170 votos (46,30% dos votos válidos) e ficou em primeiro lugar na disputa eleitoral. • Teresa Leitão Oficial
- 14 de 27
O ex-governador do Piauí, Wellington Dias (PT) foi eleito senador pelo Piauí com 941.444 votos (51,29% dos votos válidos), retornando ao Senado após nove anos. Com 98,11% das urnas apuradas o candidato teve sua eleição confirmada. • Reprodução/Redes Sociais
- 15 de 27
Rogério Marinho (PL) será o novo senador pelo estado do Rio Grande do Norte. Ele foi eleito com 41,85% dos votos válidos (708.094 de votos) de 99,96% das urnas apuradas. Marinho fez carreira nos legislativos municipal e federal, foi presidente da Câmara de Vereadores de Natal e, até março, era ministro do Desenvolvimento Regional. • Adalberto Marques/MDR
-
- 16 de 27
Filiado ao PP, o empresário Laércio José de Oliveira foi eleito por Sergipe, com 310.300 votos, o correspondente a 28,57% dos votos válidos, para o Senado na eleição. • Laércio Oliveira Oficial
- 17 de 27
Damares Alves (Republicanos) foi eleita senadora pelo Distrito Federal. Ela teve 714.562 votos (44,98% dos votos válidos). Esse é o seu primeiro mandato eletivo. • Reprodução/Redes Sociais
- 18 de 27
Wilder Morais (PL), que foi senador entre julho de 2012 e janeiro de 2019, retornará ao Senado em 2023. Ele foi eleito com 799.022 votos (25,25 % dos votos válidos). • Wilder Morais Oficial
-
- 19 de 27
A deputada federal e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) foi eleita senadora por Mato Grosso do Sul. Ela obteve 829.149 votos (60,85 % dos votos válidos). • Reprodução/Redes Sociais
- 20 de 27
Os eleitores de Mato Grosso escolheram Wellington Fagundes (PL) para representá-los em mais um mandato no Senado. Ele teve 825.229 votos ( 63,54 % dos votos válidos). • Reprodução/Redes Sociais
- 21 de 27
Os eleitores do Espírito Santo decidiram eleger o ex-senador Magno Malta para um novo mandato no Senado, a partir de 2023. Com 98,74% dos votos apurados, ele tinha 41,86% dos votos, equivalente a 887.882 votos. Magno Malta pertence ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, do qual foi um dos coordenadores da campanha de 2018. • Reprodução/Redes sociais
-
- 22 de 27
Minas Gerais elegeu Cleitinho (PSC) como senador. Com 93,35% dos votos apurados, ele tinha 41,98% dos votos válidos, o que equivale a 4.026.409 votos. Apoiador de Jair Bolsonaro, Cleitinho venceu outros oito candidatos ao Senado no estado de Minas. • Cleitinho Azevedo Oficial
- 23 de 27
O senador Romário (PL) foi reeleito neste domingo (2). Com 94,82% das urnas apuradas, ele tinha 29,05% dos votos, o que equivale a 2.240.045 votos. Romário conquistou a vaga mais disputada ao Senado entre todas as unidades da Federação. Enquanto a média nacional era de 8,9 candidatos por cadeira, o Rio de Janeiro tinha 13 postulantes. • Bruna Basilio
- 24 de 27
O Astronauta Marcos Pontes (PL) foi eleito senador pelo estado de São Paulo. Com 91,07% dos votos apurados, ele tinha 49,91% dos votos, equivalente a 9.901.895 votos. Pontes é o atual suplente do senador Giordano (MDB-SP) e, até março, era ministro da Ciência e Tecnologia de Jair Bolsonaro. • Marcos Pontes Oficial
-
- 25 de 27
O ex-juiz Sergio Moro (União) foi eleito senador pelo Paraná nas eleições. Ele obteve 1.953.159 votos (33,5% dos votos válidos). • Sergio Moro Oficial
- 26 de 27
Os catarinenses elegeram Jorge Seif (PL) ao Senado Federal. Ele obteve 1.484.110 votos (39,79% dos votos válidos). • Agência Senado
- 27 de 27
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), elegeu-se senador pelo Rio Grande do Sul neste. Ele obteve 2.593.229 votos dos eleitores gaúchos (44,11% dos votos válidos). • Hamilton Mourão Oficial
-