Alckmin: Lula orienta diálogo rápido para resolver pendências comerciais

Vice-presidente afirma que Brasil busca corrigir distorções em tarifas americanas e, embora não haja encontro marcado, sinaliza disposição para avançar em novas negociações com governo Trump após COP30

Duda Cambraia, Fernanda Tavares e Jean Araújo, da CNN Brasil
Geraldo Alckmin  • Reprodução
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O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (15) que a ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em reduzir as tarifas de importação a produtos brasileiros foi "positiva e está na direção correta", mas que o governo seguirá negociando o tarifaço.

Alckmin pontua que itens que estavam com 50% de taxa, como café, carne e frutas, caíram para uma alíquota de 40%, o que ele avalia como um valor ainda alto e que precisa ser reajustado.

 

"Vamos continuar trabalhando para reduzir mais. Realmente, no caso do café, não tem sentido, ainda é alto 40%. E o Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos", disse.

O café enfrenta tarifas de 50% desde agosto. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor, os consumidores americanos pagaram quase 20% a mais pelo café em setembro em comparação com o ano anterior.

Alckmin falou a jornalistas no Palácio do Planalto e destacou que o comércio exterior brasileiro vive um momento robusto. “Chegamos a US$ 290 bilhões em exportações de janeiro a outubro, um recorde. Só em outubro, crescemos 9,1%”, afirmou. O vice-presidente ressaltou também a abertura de “quase 500 novos mercados” e a assinatura de novos acordos comerciais.

De acordo com Alckmin, a medida anunciada pelo governo norte-americano gera efeitos imediatos em itens relevantes da pauta exportadora brasileira. Entre eles:

  • Suco de laranja, cuja tarifa caiu de 10% para 0, beneficiando exportações de US$ 1,2 bilhão ao ano;
  • Frutas como manga, açaí, goiaba, abacaxi e banana, todas com redução de 10 pontos na alíquota;
  • Café, que vai de 50% para 40%, mas segue com taxa considerada excessiva;
  • Celulose, ferroníquel, madeira macia e serrada e alguns móveis, que já haviam sido contemplados por reduções anteriores.

O vice-presidente afirmou que há uma “distorção que precisa ser corrigida”, já que concorrentes como o Vietnã tiveram tarifa do café reduzida de 20% para 0. “O Brasil é responsável por 33% do café consumido pelos EUA, especialmente o arábica. Há espaço para trabalhar”, declarou.

Alckmin também ressaltou que o Brasil não é problema, mas solução para os EUA. “Quando o produto americano entra no Brasil, dos 10 mais exportados, 8 têm tarifa zero. Os EUA têm superávit. Dos países do G20, só três têm superávit com os Estados Unidos”, afirmou.

Segundo ele, a decisão americana já ampliou a competitividade brasileira: “No passado, você tinha US$ 40 bilhões de exportações para os EUA, 12% da exportação brasileira. Desses US$ 40 bilhões, 23% estavam zerados. Isso passou para 26% com a decisão publicada ontem, o que dá US$ 9,7 bilhões que foram excluídos e não pagam tarifa. Hoje, 42% das exportações ou têm tarifa zero ou de 10%. Mas 33% ainda enfrentam o tarifaço. É isso que precisamos corrigir”, disse.

Apesar do avanço, Alckmin reforçou que não há encontro marcado com autoridades americanas, mas o Brasil está disposto a dar mais um passo para ampliar o diálogo após a COP30. “Estamos otimistas, foi dado um passo importante”, concluiu.