Alckmin: “Não deveria ter relação entre julgamento e política regulatória”

Vice-presidente disse que governo trabalha 24 horas "mover essa questão do tarifaço, porque ela é injustificada"

Maria Clara Matos, da CNN, São Paulo
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Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (1º), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que não deveria haver uma relação entre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a política regulatória entre o Brasil e os Estados Unidos.

“Não deveria ter nenhuma relação entre o julgamento, que se passa em outro Poder, que é o Poder Judiciário, Suprema Corte do país, e política regulatória, tarifa de importação”, disse o vice-presidente ao CNN Prime Time.

“Não tem nenhuma relação entre uma coisa e outra. Aliás, é importante destacar que o Brasil não é problema para os Estados Unidos. Do G20, das vinte nações com maior PIB do mundo, só três os EUA têm superávit comercial: Austrália, Reino Unido e Brasil. Então não somos problema”, acrescenta.

No momento, o Brasil enfrenta sanções comerciais emitidas pelos norte-americanos. Uma das justificativas era o julgamento do processo criminal envolvendo Bolsonaro, que se inicia nesta terça-feira (2), classificado como "caça às bruxas".

 

"Então não tem nenhuma relação entre questão de imposto de importação, política regulatória... por isso trabalhamos 24 horas para mover essa questão do tarifaço, que é injustificada", continuou Alckmin.

O vice-presidente brasileiro acrescentou que o governo trabalha diariamente para tentar "resolver" o tarifaço que, segundo ele, seria injustificado.

Em julho deste ano, ao anunciar as tarifas contra os produtos brasileiros, o presidente americano Donald Trump afirmou que o julgamento de Bolsonaro “não deveria estar acontecendo” e adicionou que o processo seria uma “vergonha internacional.”

O julgamento criminal contra Bolsonaro e outros sete réus por suposta tentativa de golpe de Estado começa a partir desta terça-feira (2).

O ex-presidente recentemente foi indiciado pela PF (Polícia Federal) junto ao seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por supostamente atuarem contra o Judiciário brasileiro com autoridades americanas.

Sem citar Eduardo, ainda em entrevista à CNN, Alckmin disse “lamentar” que existam “maus brasileiros” desinformando no exterior com dinheiro público.

"Acho que a democracia vai sair mais fortalecida. Sobre a questão dos EUA, lamento que maus brasileiros fiquem lá fora desinformando, trabalhando contra as empresas, contra o emprego, contra e economia, e o pior, ainda pago com o dinheiro público", citou Alckmin.