Apesar de reação do mercado, medida de Trump fortalece Eduardo

Integrantes da direita avaliam que deputado dispara na preferência de ex-presidente para disputa da eleição em 2026

Jussara Soares, da CNN, Gustavo Uribe
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Apesar da reação negativa em setores da economia ao tarifaço do presidente americano Donald Trump a produtos brasileiros, a medida fortalece o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como o nome mais forte da direita para disputar o Palácio do Planalto em 2026.

De acordo com integrantes do PL e intelocutores da família Bolsonaro, não estão em jogo as reais chances de Eduardo derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nem a adesão do Centrão e do mercado financeiro ao parlamentar. O que importa, segundo esses relatos, é o fato de o filho "03" ter conquistado a confiança e a gratidão do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é quem vai definir o candidato da direita nas próximas eleições presidenciais.

A avaliação é que Eduardo, com a medida de Trump, conseguiu mostrar que de fato tem interlocução com o presidente dos Estados Unidos. Além disso, apontam interlocutores da direita, o deputado fortalece o discurso de que deixou o Brasil em um "sacrifício pessoal" por uma causa, e não por "covardia."

Esses aliados reconhecem que num primeiro momento o tarifaço de Trump de 50% pode ter um impacto desfavorável a Eduardo, visto que o governo associa diretamente a medida à atuação do deputado para proteger Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.

Por outro lado, o parlamentar pode se beneficiar se Trump recuar da sobretaxa aos produtos brasileiro e Eduardo se apresentar mais uma vez como interlocutor.

O movimento internacional de Eduardo o ajuda, na prática, a conquista o único voto necessário para projetar o seu futuro: o do próprio pai. Integrantes da cúpula do PL afirmam que a palavra final será de Bolsonaro, mesmo que não seja a escolha com mais viabilidade de vitória.

Em nota à imprensa divulgada após o anúncio de taxa extra de 50% para o Brasil, Eduardo e o jornalista Paulo Figueiredo assinaram uma nota reafirmando o diálgo com as autoridades do governo Trump.

"Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump — sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade", escreveram.