Após interrogatório, defesa de Anderson Torres pedirá reconsideração do indiciamento
Ex-ministro da Justiça foi interrogado nesta segunda-feira (14) no caso em que ele teria participado de ação para impedir que eleitores votassem no pleito de 2022
A defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL), vai pedir reconsideração do indiciamento no caso que apura ação orquestrada para impedir que eleitores votassem nas eleições de 2022.
Mais de 2 mil bloqueios foram realizados no Nordeste pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), comandada, à época, por Silvinei Vasques — também indiciado.
O advogado Eumar Novacki, que representa Torres, alega que o indiciamento ocorreu antes da conclusão do inquérito policial. O ex-ministro foi ouvido nesta segunda-feira (14) pela Polícia Federal. O conteúdo do depoimento não foi divulgado.
“Ao responder a integralidade dos questionamentos, o ex-ministro demonstrou sua disposição em auxiliar na busca da verdade dos fatos”, informou o advogado em nota.
Primeiro depoimento
Em maio do ano passado, Anderson Torres prestou o primeiro depoimento sobre o caso. A PF investiga se houve uma ação ordenada para impedir que eleitores propensos a votar no então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — que venceu Bolsonaro — chegassem aos locais de votação no Nordeste.
Aos investigadores, o ex-ministro disse ter recebido de Marília Alencar, ex-diretora da inteligência do ministério, um levantamento sobre o resultado do primeiro turno das eleições.
Torres, porém, negou que tenha compartilhado o documento com a PRF ou a PF.
O estado da Bahia registrou vantagem de votos para Lula, na disputa contra Bolsonaro, tanto no primeiro quanto no segundo turno eleitoral.
O ex-ministro admitiu que esteve na Bahia dias antes do segundo turno, conforme documentos revelados pela CNN em maio do ano passado.
Segundo ele, porém, a ida foi para visitar obras da Superintendência da PF baiana. Uma foto com Torres e outros integrantes da PF com capacetes de obra, em frente ao prédio, é apontada como prova pela defesa.
A suspeita da investigação, no entanto, é de que a viagem tenha sido utilizada para que Torres orientasse as ações que a polícia faria no dia das eleições.
O ex-ministro negou qualquer “determinação” para atuação conjunta da PF e PRF da Bahia, nos bloqueios em rodovias.